Dados do Trabalho

TÍTULO

Trabalho de Parto Prematuro em Paciente com Abscesso Peri-hepático por complicação de doença inflamatória pélvica

CONTEXTO

A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma doença infecciosa que pode complicar com oclusão tubária e outras aderências pélvicas e abdominais, além ser fator de risco para trabalho de parto prematuro em pacientes grávidas. Nesse contexto trazemos um caso clínico de trabalho de parto prematuro em paciente com abscesso peri-hepático por complicação de DIP.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Y.B.S., 16 anos, GIP0, IG = 34,4 semanas (DUM) e 33,6 semanas (USG), deu entrada no serviço de urgência dia 17/01/21 com quadro de dor intensa em baixo ventre. Sem comorbidades. Ao exame: normotensa, fundo uterino com 29cm, dinâmica uterina de 3/10’, BCF=156bpm, apresentação pélvica, com 03cm de dilatação cervical, membrana íntegra, com hipótese diagnóstica de trabalho de parto prematuro. Em 24h evoluiu com piora da dor em baixo ventre e progressão de trabalho de parto, sendo indicado cesariana. Após extração do concepto foi evidenciado secreção purulenta em cavidade abdominal, de odor fétido, em grande quantidade, ocupando região peri-hepática, fossa ilíaca direita, com comprometimento de trompa e ovário à direita. Realizado lavado peritoneal, biópsia da lesão, síntese da parede abdominal sob planos anatômicos com rigorosa hemostasia e encaminhado a paciente para tratamento clínico em UTI, sendo iniciado antibioticoterapia de largo espectro (Meropenem e Teicoplamina), evoluindo neste mesmo dia com quadro febril. Dia 26/01 a paciente evoluiu com piora de exames laboratoriais e persistência da dor abdominal. TC de abdome evidenciando coleção intracavitária septada em abdome inferior podendo corresponder a abscesso intracavitário. Realizado Laparotomia exploratória com drenagem de abscesso e colocação de dreno em FIE. Dia 01/02 a paciente segue hemodinamicamente estável, com melhora do quadro clínico-laboratorial sendo encaminhada para término de tratamento clínico no alojamento conjunto, onde completou esquema de antibioticoterapia no dia 14/02, com alta deste serviço.

COMENTÁRIOS

Infecções do trato genital inferior e superior estão fortemente associadas a complicações obstétricas. No entanto, pouco se fala sobre a associação de DIP com trabalho de parto prematuro, em especial nos pacientes sem comorbidades e naquelas com quadros insidiosos da doença. A partir do caso exposto fica clara a relação da DIP como fator de risco importante para abscessos intra-abdominais e trabalho de parto prematuro.