Dados do Trabalho
TÍTULO
CONDILOMA ACUMINADO NO COLO UTERINO ASSOCIADO À LESÃO INTRAEPITELIAL EM PACIENTE HIV POSITIVO
CONTEXTO
O papilomavírus humano (HPV) é uma infecção sexualmente transmissível responsável por doenças como o condiloma acuminado, lesões precursoras e invasivas do colo do útero. A manifestação clínica de condilomatose por HPV no colo é rara, no entanto, as pacientes imunossuprimidas, como as portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV) estão mais suscetíveis. Além disso, são escassos os estudos atualizados que associam a ocorrência de condiloma acuminado em colo uterino e lesões precursoras, dificultando o manejo clínico.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
T.J.R.A., G0P0A0, 20 anos, portadora de HIV, em tratamento, sorologias negativas para sífilis e hepatites B e C, realizou exame colpocitológico no dia 04/05/2020 com resultado de lesão intraepitelial escamosa de alto grau. Ao exame colposcópico, detectou-se extensa lesão vegetante no colo do útero, sugestiva de condilomatose por HPV, não sendo possível visualizar a zona de transformação. Também nesse exame realizou-se biópsia e aplicação de Ácido Tricloroacético (ATA) à 80%. O resultado foi de Neoplasia Intraepitelial Grau I (NIC 1). Foi encaminhada ao ambulatório de atenção secundária, sendo atendida no dia 19/07/2021, onde realizou novo exame colposcópico, que demonstrou que as lesões verrucosas ainda se mantinham no colo uterino. Além disso, foi submetida a nova biópsia da lesão, em que o resultado foi de alterações citoarquiteturais compatíveis com ação por HPV e NIC I. A partir disso, se estabeleceu a conduta terapêutica, com o agendamento da exérese da lesão do colo por meio da técnica de excisão eletrocirúrgica por alça (LEEP), também chamada de cirurgia de alta frequência.
COMENTÁRIOS
A maioria dos casos relatados de condilomatose por HPV estão relacionados às verrugas anogenitais externas, sendo raro se observar esse tipo de lesão no colo uterino. A imunossupressão causada pelo HIV justifica a elevada extensão das lesões vegetantes no colo uterino, além de aumentar a probabilidade de invasão maligna. A investigação das lesões precursoras de câncer de colo de útero que coexistem com a condilomatose é de suma importância, dado que uma possível associação entre esses eventos pode sugerir um maior risco de evolução para malignidade, mesmo nos graus mais baixos de classificação na biópsia. O tratamento cirúrgico nesse caso é a melhor escolha para evitar uma possível evolução maligna e/ou também para diagnosticar uma lesão de alto grau ou invasiva já presente no local, visto que não se pode excluir uma concomitância entre ambas patologias.
PALAVRA CHAVE
CONDILOMA ACUMINADO; COLO DO ÚTERO; HIV
Área
GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior
Autores
Igor Campos Santana Maciel, Flávio Dutra Miranda, Stefânia De Figueiredo Coutinho, Hector Gabriel Nunes Santos, Lucas Monary Silva