Dados do Trabalho
TÍTULO
AMNIOCENTESE DE ALÍVIO EM SÍNDROME DA TRANSFUSÃO FETO-FETAL
CONTEXTO
A Síndrome da Transfusão Feto-Fetal (STFF) acontece em 10 a 15% das gestações monocoriônicas. Acompanhamento ultrassonográfico seriado é indicado a fim de se realizar diagnóstico precoce e tratamento adequado. O diagnóstico é feito pela discordância entre o volume de líquido amniótico entre os dois fetos e o estadiamento realizado pela classificação de Quintero. O tratamento de escolha é a ablação endoscópica a laser das comunicações placentárias.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
J.M.S, 30 anos, secundigesta, hígida. Encaminhada ao serviço de Medicina Fetal com 23 semanas por gestação gemelar monocoriônica diamniótica complicada com STFF. Queixava-se de dor abdominal, dificuldade de deambulação, dispnéia, constipação e oligúria. Ao exame, apresentava abdome tenso, altura uterina de 50 cm, edema vulvar e de membros inferiores, associado a creatinina plasmática de 2,19. Ao ultrassom, constatou-se biometrias fetais concordantes e compatíveis com a sequência oligodramnia/polidramnia. Feto A (receptor) com Maior Bolsão Vertical (MBV) de 20cm, índices dopplervelocimétricos das artérias umbilicais e ducto venoso acima do percentil 95. Feto B (doador) "stuck" com bexiga não visualizada, classificado no Estágio III de Quintero. Indicou-se ablação endoscópica a laser, a qual foi adiada devido à polidramnia severa e às condições clínicas maternas. Realizou-se amniodrenagem três dias depois, com retirada de 1,5L de líquido amniótico, utilizando-se agulha nº20 e seringa de 60mL. O procedimento foi interrompido devido a intolerância do decúbito dorsal pela paciente e a contrações uterinas, inibidas com nifedipino 30mg, dose de ataque, e 20mg a cada 8 horas por 48 horas. Em dois dias, realizou-se nova amniodrenagem, com retirada de 7,5L de líquido amniótico, agulha nº18 e sistema de sucção a vácuo, precedida por tocólise com indometacina 50mg, antes e após o procedimento. Ao final, observou-se MBV de 7,8cm no Feto A e 0,7cm no Feto B, mantendo-se com bexiga não visualizada, sem alterações ao Doppler, Estágio II de Quintero. Dois dias depois, foi constatado melhora clínica e laboratorial materna, com normalização dos trânsitos intestinal e urinário, diminuição do edema e da creatinina plasmática (1,08). Ablação endoscópica foi realizada cinco dias após, sem intercorrências.
COMENTÁRIOS
Observa-se a importância do acompanhamento frequente das gestações gemelares monocoriônicas com o objetivo de realizar o diagnóstico precoce de suas complicações, a fim de se evitar desfechos negativos, tanto maternos quanto fetais.
PALAVRA CHAVE
Transfusão Feto-Fetal
Área
OBSTETRÍCIA - Medicina Fetal
Autores
Louise Beni Staudt de Siqueira, Amanda Roepke Tiedje, Mariana Schmidt Vieira, Marilin Lehmkuhl De Sa Muller Sens, Jamile Simas Abi Saab, Karine Souza Da Correggio, Mario Julio Franco, Alberto Trapani Junior