Dados do Trabalho
TÍTULO
ICTERÍCIA POR METILDOPA NA GESTAÇÃO: RELATO DE CASO
CONTEXTO
A metildopa é uma das drogas anti-hipertensivas mais prescritas na gestação. Apesar da segurança do seu uso no que tange a teratogenicidade, outros aspectos devem ser discutidos, como sua hepatotoxicidade. Dados sobre a frequência de reações tóxicas hepáticas associadas a este fármaco são escassas, porém cerca de 5% da população geral tratada com este medicamento pode apresentar alterações hepáticas minor, não existindo dados específicos no grupo de gestantes. A elevação das transaminases é uma manifestação de dano hepático causado por medicamentos usados na gravidez. Além disso, outros sintomas inespecíficos, como icterícia, vômito, prurido e anorexia podem surgir.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
G3P2NA0, com 13s6d encaminhada a este serviço com quadro de prurido generalizado há cerca de 1 mês, com piora progressiva, astenia, náuseas e cefaleia intensa. Hipertensão arterial sistêmica (HAS) prévia à gestação, fazendo uso de alfa-metildopa (metidopa) 500mg/dia durante o pré natal. Ao exame encontrava-se em bom estado geral, consciente, orientada, fásica, hidratada, acianótica e ictérica (4+/4+) PA: 140/90MMHG. Exames admissionais: Lipase 37 Amilase 39 / TGO 1213 TGP 1102 / BD 7,20 BI 5,80 / GAMA GT 31 / FOSFATASE ALCALINA 424 / AC URICO 3,2 / CR 0,31 / LDH 890. Admitida para investigação da síndrome ictérica, onde permaneceu durante cerca de 15 dias mês com quadro de icterícia importante, astenia, prurido e cefaléia até a suspensão da metildopa após excluídas outras causas de hepatite tais como hepatites virais, auto-imunes e infecções, cálculos biliares, hemólise e outras. A gestante se manteve em vigilância clínica e laboratorial em regime de internação, e durante esse período evoluiu com melhora clínica cerca de 1 semana após suspensão da metildopa com ausência de cefaléia, astenia, prurido e melhorou gradativamente o quadro de icterícia juntamente com exames laboratoriais, sem novos picos hipertensivos.
COMENTÁRIOS
A hepatotoxicidade pela metildopa é diagnóstico diferencial de hepatite no período gestacional, devido seu uso rotineiro nas síndromes hipertensivas em gestantes. Esta condição foi relatada pela primeira vez em 1969 e até hoje há poucos estudos nesse grupo. A fisiopatologia não é bem compreendida, sendo sugerido tratar-se de um mecanismo imunomediado em resposta a antígenos produzidos por anormalidades metabólicas. Os sintomas podem iniciar de dias a semanas após a medicação, podendo evoluir com graus variáveis de lesão hepática, até mesmo óbito devido hepatite fulminante.
PALAVRA CHAVE
icterícia, metildopa, gestação
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco
Autores
Ana Maria Coelho Holanda, Juliana Borba Gomes, Emanuela Silva Reis, Monica Barbosa Santos, Ana Paula Borba Gomes, Renato de Sousa e Silva, Rosyane Moura da Rocha