Dados do Trabalho
TÍTULO
Glioblastoma durante a Gestação
CONTEXTO
O glioblastoma (GBM) é o tumor cerebral primário maligno mais comum em adultos e possui maior prevalência na 6ª década de vida. É histologicamente caracterizado pela alta celularidade e atividade mitótica, proliferação vascular e necrose e sua evolução clínica é incerta e associa sintomas neurológicos como déficit focal, alteração de memória, fraqueza, cefaleia, alteração de linguagem e cognitiva. A prevalência de tumores cerebrais na gestação é um evento raro. A escassez literária sobre esses casos não permite que haja evidências suficientes para definição do manejo ideal . O tratamento cirúrgico associado à quimioterapia (QT) e à radioterapia (RT) adjuvantes são determinantes no prognóstico. No entanto, os quimioterápicos têm a capacidade de atravessar a barreira placentária, podendo causar óbito fetal, ou teratogenicidade, especialmente no primeiro trimestre.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Trata-se de gestante, 34 anos, G3P2, com a gestação de 1º timestre em curso. Apresentou rebaixamento neurológico, necessitando de ventilação mecânica. Em Tomografia Computadorizada de crânio notou-se extensa lesão expansiva sólido-cística com sinais de hipertensão intracraniana, cuja principal hipótese foi lesão glial de alto grau. Realizada craniectomia descompressiva, associada à ressecção de lesão expansiva temporal esquerda, com importante melhora neurológica. O diagnóstico anatomopatológico foi GMB - grau IV. Optou-se por não realizar terapia adjuvante com QT ou RT devido riscos ao concepto. Um mês após a alta médica, a paciente apresentou indícios de recidiva tumoral, quando foi indicada nova abordagem cirúrgica associada à QT e à RT. Realizada ecografia obstétrica que evidenciou feto vivo de 24 semanas, relação cérebro placentária alterada e crescimento intrauterino restrito (CIUR) estágio III. A interrupção gestacional foi indicada pela equipe multidisciplinar considerando as condições fetais de CIUR e a gravidade materna. O parto cesariano ocorreu após a corticoterapia e sulfato de magnésio para a maturação pulmonar e neuroproteção fetal. Feto nasceu com APGAR 9/9 e 495g. Três dias após o parto, foi submetida à ressecção do GBM temporal esquerdo à cranioplastia, seguida de QT e RT. Apresentou recuperação favorável após os procedimentos.
COMENTÁRIOS
O discernimento do momento ideal de interrupção da gestação, via de parto e tratamento tumoral devem ser personalizados e a discussão multidisciplinar (oncologia, neurocirurgia, radiologia, neonatologia e obstetrícia) foi fundamental no desfecho do caso.
PALAVRA CHAVE
Glioblastoma; Gestação; Quimioterapia; Radioterapia
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco
Autores
Leonardo Ayres Coelho, Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa, Bruna Morena Messias de Lima Dias, Paula Faria Campos, Caroline Medina Calvão Caser, Carolina Genaro Pultrin