Dados do Trabalho
TÍTULO
Implante de Cardiodesfibrilador em Gestação Inicial Devido à Taquicardia Ventricular Polimórfica
CONTEXTO
A taquicardia ventricular polimórfica (TVP) é uma doença rara e grave. Manifesta-se normalmente com síncope sob estresse físico ou emocional, mas pode ser precipitado em atividades diárias. Possui grande risco de parada cardíaca e morte súbita em todas as idades. O tratamento pode ser feito com betabloqueadores, verapamil e Cardioversor Desfribrilador Implantável (CDI), sendo este necessário como profilaxia de morte súbita. Há poucos relatos de implante de CDI em pacientes gestantes, considerado quando for única opção efetiva ou exista falha de outros métodos terapêuticos. Por ser considerada uma arritmia de alto risco à vida, o parto cesariano (PC) deve ser a escolha de acordo com 2018 ESC Guideline.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente, 27 anos, procurou pronto atendimento com história de síncope há 5 anos, principalmente aos esforços. Realizados ecocardio transtorácico e eletrocardiograma, sem alterações, porém com presença de extrassístole ventricular monomórfica isolada de acoplamento em Holter de 24 horas e extrassístole ventricular de morfologia diferente no Teste de esforço, diagnosticado então Acoplamento Ultracurto e TVP. À internação foi diagnosticada também gestação inicial (5 semanas). Iniciado Verapamil e indicado CDI de urgência devido ao alto risco de morte súbita. A gestação inicial contraindica uso de Fluoroscopia para guiar o implante de CDI, sendo o procedimento sem intercorrências e guiado por ecocardiograma, opção pouco comum, mas descrita da literatura. Gestante evoluiu com diabetes mellitus gestacional com necessidade de uso de insulina a partir de 31 semanas e macrossomia fetal, queixa de taquicardia ocasional, sem novos episódios de síncope e nenhum disparo do CDI durante toda a gestação. Optou-se pela programação de PC com idade gestacional de 38 semanas e reprogramação do CDI para reduzir seu limiar antes da cirurgia até o pós-operatório. O PC ocorreu na data prevista, sem o uso de eletrocautério - por risco de interferência eletromagnética e possibilidade do CDI interpretar como taquiarritmia e disparar choques inadequados. Realizada antibioticoprofilaxia com ampicilina e gentamicina e monitorização intraparto multiparamétrica wireless com programação do aparelho feita por técnico do CDI em tempo real. Parto ocorreu sem intercorrências com feto apresentando APGAR 9/9 ao nascimento e paciente pode realizar puerpério imediato em leito de enfermaria.
COMENTÁRIOS
O acompanhamento multidisciplinar e o plano de parto foram fundamentais no excelente desfecho do caso.
PALAVRA CHAVE
Taquicardia Ventricular Polimórfica; Cardiodesfibrilador Implantável; Gestação; Morte Súbita
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco
Autores
Leonardo Ayres Coelho, Ellen Tieko Tsugami Dalla Costa, Paula Faria Campos, Micaella Galletti Gava Viana, Carolina Genaro Pultrin, Harlen Ferreira Soares Rodrigues, Cyntia Camolezi da Silva