Dados do Trabalho
TÍTULO
Autopercepção da capacidade de cuidar de si e do bebê relatada por puérperas sem acompanhantes
OBJETIVO
Avaliar a autopercepção da capacidade de cuidar de si e do recém nascido relatada por puérperas durante a internação no puerpério imediato durante a pandemia de COVID-19.
MÉTODOS
Este estudo apresenta resultados parciais de uma pesquisa denominada “complicações obstétricas e puerperais durante a epidemia de COVID 19”, realizada em um Hospital Universitário no Sul do Brasil. Este hospital não é referência para casos de COVID na gestação. Foram selecionadas mulheres que tiveram parto ou cesariana no hospital após o início da epidemia e, portanto, não tiveram acompanhante no puerpério. Os dados foram coletados logo antes da alta hospitalar através de questionário preenchido pela mulher, e as variáveis apresentadas referem-se à sua avaliação sobre a capacidade de cuidar de si e do bebê durante a internação após o parto. As variáveis numéricas foram analisadas por estatística descritiva e teste de qui-quadrado e o nível de significância considerado foi 0,05. Houve uma questão aberta, na qual foi aplicada análise de conteúdo.
Todas as participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes do início da pesquisa.
RESULTADOS
Responderam à variável analisada 229 mulheres. Destas, 28 (12,2%) sentiram-se inaptas a cuidar de si e do bebê; 12 (5,2%), incapazes de cuidar do bebê; e 11 (4,8%), de cuidar de si próprias em algum momento de internação.
Sobre sentir que não conseguia cuidar de si, houve associação com a cesariana, sendo que 9,7% das 144 mulheres que tiveram parto normal tiveram essa sensação e 29,4% das 85 que tiveram cesariana a relataram (p<0,001).
Também houve significância estatística da via de parto com sentir-se incapaz de cuidar do bebê, referido por 11,8% das mulheres que tiveram parto vaginal e 27,1% das submetidas a cesariana (p=0,003).
Dor intensa foi relatada por 82 (35,8%) puérperas, das quais 28 referiram dificuldade em cuidar de si e 23 em cuidar do bebê, e 22 (11,7%) sentiram-se inadequadamente medicadas para dor.
Não houve diferença significativa para paridade, parto instrumental e laceração perineal.
Na questão aberta, a falta de acompanhante no puerpério foi apontada como fator dificultador do cuidado.
CONCLUSÕES
Durante a internação no puerpério, 39 (17%) mulheres referiram dificuldades de autocuidado e 40 (17,5%) referiram dificuldades em cuidar do bebê. Houve associação dessas dificuldades com a cesariana e com relatos de dor intensa. A ausência de acompanhante no setor foi apontada como fator dificultador.
PALAVRA CHAVE
Período Pós-Parto
Área
OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral
Autores
Jessica Goedert Pereira, Vitor Leonardo Nandi, Margot Marie Martin, Roxana Knobel, Yasmin Lima Gouveia Arruda , Mariana Nunes Miranda Carasek da Rocha , Alberto Trapani Junior