59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

ÚLCERA GENITAL COMO POSSÍVEL MANIFESTAÇÃO CLÍNICA ASSOCIADA A DENGUE: UM RELATO DE CASO

CONTEXTO

Dengue, doença transmitida pelo Aedes aegypti, causada por um RNA-vírus da família Flaviviridae, gene Flavivirus, afeta especialmente a população adulta, apesar de crianças serem mais vulneráveis. Manifestações cutâneas foram relatadas em 50 a 82% dos casos, sendo que 8,9% a 29,8% dos pacientes podem apresentar manifestações mucosas e destas, apenas 1,54% são lesões em mucosa genital. Nesse contexto, existem poucos estudos acerca das manifestações cutaneomucosas associadas a dengue.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

BBS, 11 anos, sem comorbidades, comparece ao Pronto Atendimento referindo diagnóstico de dengue há 10 dias e lesão em região genital há 4 dias. Descreve lesão pustulosa, dolorosa que após drenagem espontânea, permaneceu como uma úlcera única localizada em fúrcula vaginal. Negava menarca, sexarca e história de abuso sexual. Realizou tratamento com cefalexina, sem melhora.
Ao exame, apresentava-se em bom estado geral, afebril, estável. Exame geral sem alterações. Ausência de linfonodomegalia inguinal e cervical. Estadiamento de Tanner M1P1. Hímen íntegro e lesão ulcerada de 0,5 cm, com bordos elevados e fibrina recobrindo seu fundo, localizada em introito vaginal a esquerda, dolorosa ao toque. Exames: NS1 positivo; Hemoglobina 11,3 mg/dl; Hematócrito 30,1%, Leucócitos 3300/mm³ e plaquetas 146.000/µL.
Paciente sem história de abuso sexual ou sexarca, em seguimento de dengue, considerado úlcera genital como provável manifestação clínica de dengue. Optado por observação e reavaliação após 48 horas. Paciente evoluiu com diminuição no tamanho da lesão, com melhora significativa no quadro.

COMENTÁRIOS

A presença de úlceras genitais em meninas jovens, sem vida sexual ativa, representa um grande desafio diagnóstico para o ginecologista. Muitas vezes, diante do quadro, a primeira hipótese diagnóstica pode ser o abuso sexual e, com ele, úlceras de caráter infeccioso e associadas a doenças sexualmente transmissíveis. É de extrema importância a exclusão de tal diagnóstico e que se promova o acolhimento e os cuidados necessários se a confirmação do mesmo.
Outras causas menos comuns de úlceras genitais e, portanto, subdiagnosticadas, são as infecções sistêmicas causadas por diversos vírus não relacionados a DSTs (dengue, chikungunya, zika-vírus e Epstein-Bar) e até mesmo uso de medicações. Diante disso, a dengue, uma das infecções virais mais frequentes e de maior propagação no Brasil, vem aumentando a cada ano, com apresentações clínicas variáveis e raras.

PALAVRA CHAVE

ÚLCERA; GENITAL; DENGUE

Área

GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior

Autores

CLARA MARTINUZE MARTINS, AMANDA HOMSE NETTO, MARINA IGNÁCIO GONZAGA, THAINA PORTILHO MARTINS, GIOVANNA GUARDIA CARTOLANO, YASMIN RAJAB, SILVANA MARIA QUINTANA

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