Dados do Trabalho

TÍTULO

ROTURA UTERINA ESPONTÂNEA EM GESTAÇÃO PRÉ-TERMO COM DUAS CICATRIZES UTERINAS PRÉVIAS

CONTEXTO

A rotura uterina é uma complicação obstétrica rara e está relacionada com a presença de cicatriz uterina anterior. Apresenta-se com dor abdominal intensa, súbita, com sinais de sofrimento fetal, cessação das contrações uterinas, com sangramento vaginal e choque hemorrágico/hipovolêmico. Pode ser traumática, quando envolve acidentes ou violência, ou não-traumática, quando ocorre de forma espontânea ou em provas de trabalho de parto, em pacientes com cicatriz uterina prévia. Descrevemos o caso de uma paciente com cicatrizes uterinas prévias em trabalho de parto pré-termo com rotura uterina completa espontânea.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente, 38 anos, G4PC2A1, IG 32 semanas e 1 dia, negava comorbidades ou uso de medicação contínua, dá entrada na maternidade com quadro de dor abdominal, inicialmente coincidindo com contrações uterinas, iniciadas há aproximadamente duas horas, além de sangramento vaginal vermelho vivo de grande quantidade. Ao exame, PA: 70x40 mmHg, FC: 132 bpm, FR: 22irm, sudorese de extremidades, em choque hipovolêmico. Ao exame ginecológico e obstétrico colo pérvio 4 cm, médio, centralizado, amolecido, De Lee -3, sangramento vermelho vivo em dedo de luva, BCF: 110 bpm com ausência de acelerações transitórias. Indicado parto cesariana de urgência, que evidenciou perda da continuidade do músculo reto abdominal, além de rotura uterina completa em região de istmo uterino, com presença de grande quantidade de sangramento em cavidade. RN e parte da placenta expelidos para a cavidade abdominal. RN nasceu vivo, pré-termo, APGAR 0/2, Peso fetal 1.850 gramas, encaminhado à unidade de cuidados intensivos neonatais. Realizada histerorrafia e laqueadura tubária, além de packing abdominal para controle de sangramento por possível coagulação intravascular disseminada (CIVD). Paciente encaminhada a UTI adulto, após estabilização hemodinâmica, realizada reabordagem cirúrgica, retirada de compressas hemostáticas, revisão da hemostasia, sem demais intercorrências. Após 8 dias, recebeu alta hospitalar, em boas condições e RN segue vivo, aos cuidados da utineonatal.

COMENTÁRIOS

Sabe-se que a presença de cicatrizes uterinas prévias pode vir a comprometer o futuro reprodutivo da parturiente. Logo, faz-se necessário prevenir o excessivo número de cesarianas desnecessárias, além de diagnosticar e manejar de maneira correta a rotura uterina, a fim de aprimorar a abordagem técnica de tais casos e melhorar a assistência de pacientes com cicatriz uterina prévia, evitando morbimortalidade materna e fetal.