Dados do Trabalho
TÍTULO
Dismenorreia membranosa – relato de caso de um diagnóstico pouco conhecido.
CONTEXTO
Dismenorreia é um problema comum em cerca de 50 a 90% das mulheres em anos reprodutivos. Pode prejudicar a qualidade de vida e interferir no desempenho das atividades diárias.
O termo dismenorreia membranosa (DM) é uma causa rara de dismenorréia e se refere à passagem espontânea e dolorosa de um pedaço membranoso de endométrio no formato da cavidade endometrial.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
P.V.C., feminina, 27 anos, queixa-se de sangramento que iniciou após a 1ª aplicação de medroxiprogesterona injetável. Sem alterações ao exame físico. É orientada quanto ao período de adaptação do método contraceptivo e solicitado beta HCG para exclusão de sangramento de 1º trimestre.
Retorna à emergência após 4 dias com exame de beta HCG negativo e queixa-se de dor pélvica tipo cólica de forte intensidade que iniciou há 3 dias, com permanência de sangramento vaginal. O exame especular constatou massa membranosa e elástica exteriorizada ao orifício cervical externo, sendo feita a sua retirada. Realizado ultrassonografia transvaginal sem alterações. Liberada com analgesia e orientação de retornar no dia seguinte para nova avaliação, na qual relatava melhora da dor e do sangramento após retirada do material.
O anatomopatológico evidenciou estrutura polipóide com estroma decidualizado e epitélio de revestimento sem atipias.
COMENTÁRIOS
Recentemente, Scott et al. elencou que a DM estaria correlacionada ao uso de progesterona de depósito, porém observou-se que outros progestágenos associados ao etinilestradiol em diferentes dosagens e formas também foram citados como fatores predisponentes, não sendo claro porque algumas mulheres apresentam o quadro e outras não. Não está limitada a uso de uma ou outra formulação hormonal, nem a sua recorrência associa-se à continuidade do uso.
O diagnóstico é de exclusão. O exame anatomopatológico do material expulso, com identificação de uma reação do estroma decidual exuberante, na ausência de outro tipo de linha celular, aliado às suas características macroscópicas constituem a mais importante ferramenta no diagnóstico final.
Devido a poucas publicações atuais na literatura, a DM é subdiagnosticada e subtratada. Apesar de não parecer estar associada a consequências negativas, sendo um quadro com baixa recorrência e com bom prognóstico, a expulsão vaginal de tecido orgânico deve ter avaliação histopatológica considerando os diagnósticos diferenciais. O relato de caso justifica-se não só pela escassez de dados na comunidade científica, como pela necessidade de atualização sobre o tema.
PALAVRA CHAVE
dismenorréia, distúrbios menstruais, relatos de caso
Área
GINECOLOGIA - Contracepção
Autores
Lucas Kindermann, Bruna Costa Lima, Luisa Cascaes dos Santos, Laura Britz, Christiane Cardoso Falcão