59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

Vulnerabilidade e risco na gravidez: COVID-19, abuso de drogas e placenta prévia

CONTEXTO

Gestantes e puérperas constituem um grupo de risco para o desenvolvimento de síndrome respiratória aguda grave pelo coronavírus. Usuárias de drogas têm menor probabilidade de adotar medidas protetivas como o uso de máscara, o distanciamento social e o acompanhamento pré-natal. Há poucos estudos envolvendo o risco de complicações graves pelo COVID-19 em pessoas adictas aos mais variados tipos de drogas.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Gestante de 29 anos, Gesta IX Para III (3 cesarianas), com idade gestacional estimada em 38 semanas foi trazida para a maternidade por sangramento vaginal. Sem acompanhamento pré-natal, usuária de crack há dois anos, estava há uma semana morando em um abrigo municipal. A equipe da Estratégia Consultório na Rua que a trouxe relatou diagnóstico de COVID-19 dois dias antes, com sintomas gripais leves. No exame físico apresentava batimento cardíaco fetal de 148 bpm, altura uterina de 36 cm, tônus uterino normal e ausência de metrossístoles. Ao exame especular, sangramento discreto. Diagnóstico ultrassonográfico de placenta prévia total. A conduta inicial foi a solicitação de exames e preparação para interrupção eletiva da gestação. Duas horas após a admissão a paciente evoluiu com sangramento profuso, quando foi indicada cesariana de emergência. A gestante apresentava-se em crise de abstinência de crack, com intensa agitação psicomotora, e por isso foi submetida a cesariana sob anestesia geral. Extração de recém-nascido vivo, do sexo masculino, APGAR 6/8, pesando 2.500g. A placenta foi retirada sem intercorrências. O acompanhamento pós-operatório foi em leito de unidade fechada exclusiva para pacientes com COVID-19. A evolução do quadro foi satisfatória, e em dois dias a paciente foi transferida para leito de isolamento em enfermaria. O recém-nascido foi encaminhado à unidade intermediária por dificuldades de sucção e tratamento de sífilis congênita. A pesquisa de COVID-19 no bebê foi negativa.

COMENTÁRIOS

Em 2020 foram notificados 544 óbitos em gestantes e puérperas por COVID-19. Até maio de 2021, já havia 911 óbitos notificados. Apresentamos o caso de uma gestante com somatório de vulnerabilidades e alto risco para morbidade grave, não vacinada para Covid-19 e sem seguimento pré-natal. Estudos com subgrupos de gestantes com vulnerabilidade social e alto risco para adoecimento e morte poderiam contribuir para ações efetivas de prevenção e assistência, minimizando os impactos da pandemia sobre o near miss, a mortalidade materna e a morbimortalidade perinatal.

PALAVRA CHAVE

COVID-19, crack, adição, placenta prévia

Área

OBSTETRÍCIA - Doenças Infecciosas

Autores

Samia Insaurriaga Jundi, Mônica Gomes Almeida, Antonio Camilo Leote Pacheco Pereira Leite, Adriene Lima Vicente, Luciano Antonio Marcolino, Renato Augusto Moreira Sá

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