59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

Relato de caso: Tuberculose genital no diagnóstico diferencial de amenorreia

CONTEXTO

Contexto: A tuberculose genital corresponde a cerca de 20% dos quadros extrapulmonares. A manifestação da doença pode ser indolente, mas pode cursar com dor pélvica, alteração do sangramento uterino e infertilidade.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Descrição do caso: Paciente, 30 anos, encaminhada para investigação de infertilidade primária, dor pélvica e amenorreia. Referia nunca ter menstruado normalmente, apenas 3 episódios aos 14 anos. Nuligesta, com desejo gestacional. De comorbidades relatava apenas internação prévia aos 15 anos por pneumonia. Mãe teve tuberculose pulmonar durante a gestação. Exame físico geral e ginecológico sem alterações. À ultrassonografia, cavidade uterina disforme com traves ecogênicas sugestivas de aderências - Síndrome de Asherman. À histerossalpingografia, imagem nodular pélvica direita que obstruía a tuba. À histeroscopia diagnóstica, aparente espessamento de aspecto algodonoso, o anatomopatológico evidenciou processo inflamatório crônico granulomatoso tuberculóide. Após diagnóstico de tuberculose genital foi acompanhada pela Infectologia, PPD: 10 mm e radiografia de tórax: sem alterações. Recebeu tratamento com rifampicina, izoniazida, pirimetamina e etambutol, com duração total de 6 meses. Após tratamento foi avaliada pela Ginecologia Endócrina, excluindo causas endócrinas para a amenorreia. Após foi realizada nova histeroscopia diagnóstica que evidenciou sinéquias uterinas importantes. Optado por realização de histeroscopia cirúrgica e laparoscopia para lise de sinéquias e ampliação da cavidade uterina. Cavidade abdominal com múltiplas aderências pélvicas, destacando-se traves peri-hepáticas (Fitz-Hugh-Curtis). Formação cística 6 cm na tuba uterina direita, contendo material branco espesso. Paciente evoluiu bem no pós-operatório, mas manteve-se em amenorreia. Além disso, foi orientada a realizar acompanhamento em serviço de reprodução humana, mas optou por não seguir tratamento.

COMENTÁRIOS

Comentários: A síndrome de Asherman apresenta múltiplas etiologias, sendo mais frequente pós procedimentos cirúrgicos, como curetagem uterina, mas também pode ter causa infecciosa. No contexto brasileiro epidemiológico, deve-se sempre aventar a hipótese de tuberculose genital. A histeroscopia é o padrão-ouro para o diagnóstico, ao identificar as sinéquias e avaliar a cavidade uterina. O tratamento da síndrome de Asherman é indicado quanto existe dor associada a oligo/amenorreia ou nos casos de infertilidade.

PALAVRA CHAVE

Síndrome de Asherman, Tuberculose genital, Histeroscopia diagnóstica, Histeroscopia Cirúrgica

Área

GINECOLOGIA - Endoscopia Ginecológica

Autores

Andrea Giroto Amorim, KARINA PERES SILVA, Carla Ferreira Kikuchi , Jose Maria Cordeiro Ruano, Marair Gracio Ferreira Sartori

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