Dados do Trabalho
TÍTULO
Fístula vesicouterina e feto intravesical: relato de caso
CONTEXTO
A fístula vesicouterina (FVU) representa uma pequena proporção das fístulas urogenitais e mais frequentemente está associada à deiscência de cicatriz uterina no segmento inferior, placenta percreta e lesão associada ao dispositivo intrauterino. Amenorreia, hematúria cíclica e incontinência urinária, presentes na síndrome de Youssef, frequentemente estão presente em pacientes com FVU.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Gestante, 38 anos, G3P1A1, com cesariana há 3 anos e abortamento completo há 1 ano, sem necessidade de procedimentos. Antes das internações, o exame ultrassonográfico (US) descrevia gestação tópica, feto vivo com 12 semanas e placenta fundo corporal anterior. Paciente evoluiu com dor em hipogástrio, hematúria e percepção de saída de partes fetais (pé fetal) pela uretra. Em hospital de nível secundário, foi realizado US com descrição de óbito fetal com 14 semanas, feto em “topografia de canal vaginal” e não identificada a fístula vesicouterina. Optado pelo preparo de colo com misoprostol via vaginal para curetagem uterina. Após a utilização de 4 comprimidos de misoprostol, observou-se a saída de partes fetais pela uretra e realizada a extração de parte de corpo do feto pela uretra pela equipe médica e curetagem uterina por sangramento vaginal em grande quantidade. Após isto, a paciente foi encaminhada para hospital de nível terciário para investigação e conduta. Apresentava-se em bom estado, sem alterações hemodinâmicas. Realizada US e tomografia computadorizada que confirmou a presença de feto, em óbito, intravesical e fístula vesicouterina. À uretrocistoscopia foi visualizada FVU de 1,5cm, lesão vesical polipoide atípica e feto intravesical. Submetida à laparotomia exploradora para retirada do feto, fistulectomia e exérese da lesão, cistorrafia e cistostomia. Foi optado pela histerectomia subtotal. Os procedimentos e o pós-operatório transcorreram sem intercorrências.
COMENTÁRIOS
Apesar da FVU ser rara, o aumento da taxa de cesariana pode resultar em aumento da sua prevalência. Acreditamos que a paciente não apresentava fístula prévia à gestação ou sua fístula poderia ser classificada como tipo III, com menstruação vaginal normal. A formação do FVU, com passagem do feto para a cavidade vesical, pode ter ocorrido durante as contrações do trabalho de abortamento. O exame US de gestação inicial deve ter cuidadosa avaliação do istmo, especialmente em pacientes com cesárea de repetição. Isso levará ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, podendo evitar graves complicação para a mulher.
PALAVRA CHAVE
Abortamento, Cesárea, Complicações na Gravidez, Feto, Fístula da Bexiga Urinária, Gravidez
Área
OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral
Autores
Isabela Assunção Velho, Rodrigo Takeshi Chihara, Hamilto Akihissa Yamamoto, João Luiz Amaro, José Henrique Capelari Costa, Joelcio Francisco Abbade