Dados do Trabalho
TÍTULO
MALFORMAÇÃO ARTERIOVENOSA UTERINA ASSOCIADA À CURETAGEM E SUA ABORDAGEM TERAPÊUTICA COM EMBOLIZAÇÃO: UM RELATO DE CASO
CONTEXTO
A malformação arteriovenosa (MAV) pode ser desencadeada pela curetagem uterina e apresentar como principal sintoma o sangramento uterino anormal (SUA). A embolização uterina é uma opção segura para seu tratamento, conforme demonstrado neste relato de caso,através de uma paciente de 16 anos com surgimento da MAV após procedimento de curetagem uterina, no qual foi utilizado a embolização para tratamento e controle do sangramento.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente de 16 anos, com histórico de curetagem uterina devido aborto retido, evoluiu com SUA. Após tentativa falha com diversas terapia medicamentosas, paciente evoluiu com choque hipovolêmico (Hb de 5.9, VG 17%). Medidas rápidas de suporte hemodinâmico com transfusão de 7 concentrados de hemácia foram realizadas. Através da investigação com tomografia de abdome total e ultrassonografia transvaginal com doppler foi observado fístula / malformação arteriovenosa na camada miometrial anterior do útero, com fluxo oriundo de ambas as artérias uterinas. Frente ao diagnóstico de MAV foi optado por embolização uterina que resultou em estabilização. Exame de controle após procedimento e suporte geral, demonstrou Hb foi de 9,9 e melhora dos sinais e sintomas.
COMENTÁRIOS
A MAV é uma conexão anormal entre artérias e veias do útero que pode causar sangramentos uterinos graves e outros sintomas. A causa pode ser congênita ou adquirida após cirurgias, como a curetagem uterina. Estudos indicam que 23% a 43% das pacientes com MAV tiveram o problema após a curetagem uterina, tendo em média o diagnóstico entre elas de 6,7 anos, sendo o sangramento uterino anormal (SUA) o principal sintoma em 85% das mulheres. Por esse motivo, o contraceptivo hormonal muitas vezes é utilizado como primeiro método de tratamento.
A embolização uterina é uma opção minimamente invasiva para o tratamento da MAV. Estudos prospectivos de 5 e 10 anos relataram taxas de sucesso de 93,9% e 88,6%, respectivamente, e taxas de recorrência de 6,1% e 11,4%. Além disso, foi demonstrado uma baixa taxa de complicações, sendo a mais comum a dor pélvica em 6,7% dos casos. Além da embolização, a histerectomia também é utilizada como tratamento devido sua eficácia, porém ao ser comparada, a embolização possui taxa significativamente menor de complicações.
Em conclusão, a embolização uterina é uma opção segura para o tratamento da MAV, porém, o manejo inicial do SUA pode exigir medidas de suporte hemodinâmico para controlar o sangramento antes da realização do procedimento.
PALAVRAS-CHAVE
Malformação arteriovenosa uterina ; Curetagem uterina ; Embolização uterina ; Sangramento uterino anormal
Área
GINECOLOGIA - Multidisciplinar
Autores
Maria Marsiglio da Nobrega, João Pedro Chamma, Vitoria Akemi Macedo da Silva, Helena Maria Amorim Souza Lobo, Roberto Ribeiro Fontão, Maurea do Rosário Franco de Almeida, Gustavo Wandresen