61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Prevalências e riscos no rastreamento do câncer do colo do útero em mulheres indígenas da Amazônia Brasileira

OBJETIVO

Avaliar o perfil de prevalência de resultados citológicos no rastreamento do câncer do colo do útero em mulheres indígenas brasileiras por idade e frequência de exames, comparando-as com mulheres não indígenas.

MÉTODOS

Estudo de corte transversal em citologias de mulheres atendidas pela Organização não-Governamental “Expedicionários da Saúde” na Amazônia brasileira de 2007 a 2019 (3.231 exames), comparando-as com mulheres não indígenas, num banco de dados de laboratório universitário que atende mulheres da atenção primária da região de Campinas (698.415 exames). O desfecho principal foi o resultado citológico. Outras variáveis foram frequência, faixas etárias e população. A frequência foi categorizada como "1º teste", primeiro teste realizado da vida da mulher, ou "teste subsequente", testes de mulheres que já participaram do rastreamento. As análises foram baseadas em prevalências por faixa etária e população. Usamos Razões de Prevalência (RP) e Intervalos de Confiança de 95% para riscos e regressão linear para tendências. As curvas do 1º teste indicaram a prevalência na população “naive”. O efeito protetor do rastreamento foi considerado se a RP de lesão intraepitelial escamosa de alto grau ou lesão mais severa (HSIL+) da razão testes subsequentes/1º teste foi menor que 1.

RESULTADOS

Os dados do 1º teste mostraram maior prevalência de lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) em indígenas, com picos abaixo 25, de 35 a 39, de 45 a 49 e de 60 a 64 anos. A prevalência de HSIL+ foi baixa em ambos os grupos abaixo de 25 anos. A curva de prevalência de HSIL+ em indígenas apresentou rápido aumento, atingindo picos de 25 a 34 anos, uma ligeira queda, e um platô depois. Nos testes subsequentes HSIL+ foi mais prevalente em indígenas de 25 a 39 (RP 4,0,2,3;6,8) e de 40 a 64 anos (RP 3,8,1,6;9,0). Nas não indígenas foi possível observar um efeito protetor do rastreamento em todas as faixas etárias acima de 25 anos. Em indígenas os resultados não mostraram efeito protetor em nenhuma faixa etária analisada.

CONCLUSÃO

Este estudo evidenciou maior prevalência de LSIL e HSIL+ citológicas em mulheres indígenas. As altas prevalências de LSIL em idades mais avançadas pode indicar a necessidade de ampliar as faixas de vacinação nesta população. A alta prevalência de HSIL+ indica uma vulnerabilidade diferenciada. O efeito protetor não foi observado em indígenas, o que pode indicar a baixa eficiência do atual programa de rastreamento em indígenas.

PALAVRAS-CHAVE

População indígena; Rastreamento; Neoplasias do colo do útero; Mulher vulnerável; Neoplasia intraepitelial cervical

Área

GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior

Autores

Iria Ribeiro Novais, Camila Olegario Coelho, Halley Cruz Pereira, Helymar Machado, Mariana Roberta Almeida, Cassio Cardoso-Filho, Luiz Carlos Zeferino, Diama Bhadra Vale