Dados do Trabalho
TÍTULO
USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS DE LONGA DURAÇÃO NO SUS PELAS MULHERES COM HIV DE PORTO ALEGRE
OBJETIVO
Contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs) são altamente eficazes e fazem parte da estratégia para evitar gestações indesejadas em diversos lugares no mundo. Muitos desses métodos ainda não são disponíveis nos serviços públicos de saúde no Brasil, mas o são em Porto Alegre, cidade que tem a maior taxa de gestantes com HIV e mortalidade por AIDS do país. O objetivo deste estudo é descrever o uso de LARCS em mulheres vivendo com HIV no município.
MÉTODOS
OS LARCs do estudo incluiram o Implante de Etonogestrel (Implanon) e o Sistema Intrauterino com Levonorgestrel (Mirena) que são fornecidos a mulheres com HIV pela Secretaria de Saúde de Porto Alegre. Eles são financiados com recursos municipais e oferecidos pela rede de saúde do SUS, após demanda do Comitê de Transmissão Vertical e capacitação dos profissionais da saúde no uso desses métodos. O banco de dados municipal dos registros dos LARCs e da Vigilância de Gestantes HIV foram analisados do período de maio de 2016 a fevereiro de 2023. Fez-se uma análise descritiva e comparativa das características sociodemográficas e assistenciais das mulheres com HIV que inseriram pela primeira vez o Implante ou o DIU Mirena.
RESULTADOS
969 mulheres com HIV tiveram a primeira inserção no período, onde 850(88%) receberam implantes e 119(12%) DIU Mirena. A média anual foi de 152 primeiras inserções, 133 de implantes e 19 de DIU Mirena. O implante foi escolhido por mulheres mais jovens, com menor escolaridade e mais prevalente em negras quando comparadas as que escolheram o DIU Mirena. As inserções foram 87% em hospitais. A inserção de DIU ocorreu também na assistência especializada (SAE) mas não em unidade básica de saúde. No puerpério foram 19% das inserções. Comparando os dados do ano de 2022, em relação aos de 2016, houve uma diminuição de 4.971(27%) nascidos vivos em Porto Alegre e uma diminuição de 171(43%) do número de gestantes com HIV. A taxa de detecção de gestantes HIV diminuiu em 4,6 casos por 1000 nascidos vivos nesse período.
CONCLUSÃO
Aumentar o mix de métodos contraceptivos e facilitar o acesso aos LARCs às mulheres com HIV amplia a possibilidade de evitar gestações não planejadas com enorme potencial para reduzir a transmissão vertical. O DIU Mirena teve menor aceitação que o Implanon entre as mulheres com características de maior vulnerabilidade social. Há necessidade de ampliar o conhecimento das mulheres em relação aos LARCs e identificar as barreiras para aumentar a aceitabilidade do DIU Mirena nessa população.
PALAVRAS-CHAVE
HIV, contracepção, Mirena, Implanon
Área
GINECOLOGIA - Contracepção
Autores
Regis Kreitchmann , Lisiane Morelia Weide Acosta , Denise Loureiro Pedroso, Daila Alena Raenck da Silva, Bianca Ledur Monteiro, Luiza Bortolatto Rizzieri