Dados do Trabalho
TÍTULO
USO BEM SUCEDIDO DE METOTREXATO EM GRAVIDEZ ECTÓPICA GEMELAR TUBÁRIA ESPONTÂNEA: RELATO DE CASO
CONTEXTO
Trata-se de um caso de paciente com gravidez ectópica gemelar dicoriônica espontânea tratada com dose única de metotrexato intramuscular, sendo obtido sucesso terapêutico.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente de 32 anos, primigesta, com relato de atraso menstrual de oito semanas e cinco dias e sangramento vaginal discreto durante dois dias. Queixa motivou realização ambulatorial de ultrassonografia transvaginal (USTV), que evidenciou gestação gemelar dicoriônica em topografia de trompa esquerda. A paciente foi prontamente encaminhada para internamento hospitalar, com exame físico normal à admissão. A USTV do serviço foi concordante com o diagnóstico, descrevendo dois sacos gestacionais regulares ectópicos (mediam 32 x 28 x 26 mm e 29 x 25 x 15 mm), cada um contendo um embrião sem batimentos cardíacos (BCE). O maior comprimento cabeça-nádega (CCN) era 14 mm (equivalente a sete semanas e cinco dias), e não havia líquido livre em fundo de saco posterior. Como sem contraindicação clínica ou laboratorial ao metotrexato (MTX), foi exposto à paciente sobre raridade do caso e discutida a possibilidade de uso da medicação versus tratamento cirúrgico – tendo a mesma optado pelo tratamento medicamentoso, após informada dos riscos e benefícios. Assim, realizado MTX via intramuscular (IM) em protocolo de dose única (50 mg/m² – dose de 100 mg) no D1 (beta-hCG = 2545 mUI/mL). No D4, beta-hCG = 1661, e no D7, 1008. Como queda satisfatória (de 39% entre D7 e D4) e paciente seguia estável, recebeu alta hospitalar no D8 com orientação de retorno no D14 ou antes, caso sinais de alarme. Por questões pessoais, voltou apenas no D16 (beta-hCG = 231) e a partir de então, fez o acompanhamento semanal adequadamente, sempre com quedas superiores a 15% entre as medidas. As dosagens de beta-hCG (em mUI/mL) foram de 112 (D23), 57 (D30), 36 (D37), 24 (D44) e <5 (D51).
COMENTÁRIOS
A gravidez ectópica (GE) gemelar é um evento raro, com poucos casos descritos na literatura, e com a maioria absoluta deles tratada cirurgicamente. Obedecendo a critérios com evidências robustas como preditores de sucesso da terapia com MTX (beta-hCG <5000 mUI/mL e BCE ausentes), foi possível tratar uma GE gemelar com dose única de MTX IM, independentemente do tamanho dos sacos gestacionais. A terapia afastou um possível risco cirúrgico e pode impactar positivamente o futuro reprodutivo da paciente. O caso reforça a importância de individualizar condutas na GE e de considerar sempre que possível a opinião da paciente na decisão terapêutica.
PALAVRAS-CHAVE
Gravidez Ectópica; Gestação Gemelar; Metotrexato
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco
Autores
Marcus Caio de Moura Ferreira Gomes, Aurélio Antônio Ribeiro da Costa