Dados do Trabalho
TÍTULO
Câncer Primário de Vagina. Relato de caso
CONTEXTO
O carcinoma primário de vagina é um tumor raro. Corresponde 1 a 2% dos tumores malignos ginecológicos e ocupa o quinto lugar em incidência do trato genital. Define-se como tumor primário o tumor que origina na vagina e não acomete a vulva nem o colo do útero, sem história de câncer cervical por 5 anos antes do diagnóstico inicial. As lesões metastáticas são duas a três vezes mais frequentes que o carcinoma primário e são provenientes do colo, endométrio, ovário, vulva, reto, uretra, bexiga e do coriocarcinoma.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente 70 anos, G5P3C1A1, portadora de hipertensão arterial, dislipidemia, gota e ex-tabagista. Apresentou em 2020 nodulação vaginal indolor, pruriginosa e sangrante. Nega história prévia de câncer do colo do útero e de vulva. Exame físico geral: sem alterações. Exame ginecológico: tumor vaginal de cerca de 4cm, localizado na parede anterior da vagina, terço inferior. Vulva sem alterações. Última colpocitologia: sem alterações. Realizada ressonância magnética com contraste (RM) da pelve que mostrou a presença de lesão vegetante, 3,6x2,2x2,9cm, ocupando canal vaginal inferior, exteriorizando-se pelo intróito vaginal e linfonodos pélvicos suspeitos. Realizada biópsia que evidenciou CEC invasivo primário de vagina, pouco diferenciada (G3). Indicada quimiorradioterapia concomitantes, com cisplatina 6 ciclos. Em RM de controle nov/22, redução significativa da lesão, 1,6x1,0x1,7cm e ausência linfonodomegalias. Devido ausência de lesão ao exame clínico e o curto intervalo de tempo após o tratamento, considerado como alteração cicatricial e definido por manter controle rigoroso. Atualmente em seguimento e sem lesões ao exame físico, apenas anel fibroso em vagina com estenose. Última RM mar/23, ausência de lesão em canal vaginal, apenas espessamento fibrocicatricial e alterações actínicas adjacentes.
COMENTÁRIOS
Este relato encontra-se entre os raros casos de câncer de origem primária da vagina, havendo ainda remissão completa da lesão após quimiorradiação, em uma histologia pouco diferenciada, que tende a ser mais agressiva. Destaca-se a importância da investigação inicial, com avaliação histológica, frente a tais quadros, objetivando descartar os diferentes sítios primários que podem levar ao câncer de vagina. Ressaltamos ainda a necessidade de aguardar o tempo adequado para realização de exames de imagem no seguimento, a avaliação clínica e o exame físico como os melhores preditores de persistência/recidiva e o tempo de ação prolongado do efeito da radioterapia.
PALAVRAS-CHAVE
Câncer de vagina; Seguimento oncológico; Radioterapia
Área
GINECOLOGIA - Oncologia Ginecológica
Autores
Andre Metzker Ferro, Kelvin Warley Pereira Silva, Mariana Sousa Lopes, Mariana Barros Bandos, Juliana Soares de Araújo, Adriana Castelo Caracas de Moura, Walquíria Quida Salles Pereira Primo