Dados do Trabalho

TÍTULO

Atrofia genital: a importância da realização do exame ginecológico em mulheres assintomáticas

OBJETIVO

A atrofia genital é uma condição frequentemente subdiagnosticada que pode reduzir a qualidade de vida. Seu diagnóstico é realizado através dos sintomas referidos pela mulher ou pelos sinais visualizados ao exame físico. Nosso objetivo foi avaliar a associação entre citologia hormonal, sintomas relatados e sinais visualizados ao exame ginecológico.

MÉTODOS

Estudo transversal com mulheres climatéricas que iniciaram o acompanhamento em um ambulatório de menopausa de 11/2022 a 05/2023. Foram excluídas mulheres que fizeram uso de hormônios para sintomas da menopausa nos três meses prévios ao estudo. Foi considerada uma amostra por conveniência. A variável dependente foi a atrofia genital avaliada através de citologia hormonal analisada pelo Índice de Meisels (IM) ([%células parabasais x 0] + [%células intermediárias x 0,5] + [%células superficiais x 1]). Quanto menor o IM, mais atrófica a mucosa vaginal. As variáveis dependentes foram os sintomas urogenitais relatados pela mulher através da análise do domínio urogenital do Menopause Rating Scale (MRS) e os sinais observados no exame físico através do escore de saúde vaginal (VHIS). As variáveis de controle foras as características clínicas e sociodemográficas. A análise estatística foi realizada através de regressão linear múltipla. O nível de significância foi de 5%.

RESULTADOS

Foram incluídas 66 mulheres com média etária de 49,3 (±10,2) anos. A média de idade à menopausa foi de 43,7 (±6,3) anos, sendo que 42,9% tiveram menopausa induzida e 57,1% tiveram menopausa natural. A maioria das mulheres possuía parceiro fixo (64,6%) e mantinha atividade sexual (68,2%). O índice de massa corporal médio foi de 28,1 (±5,8). A média do IM foi de 38,8 (±28,5). A média do domínio urogenital do MRS foi de 5,7 (±3,6) e o VHIS médio foi de 16,9 (±4,1). No modelo estatístico final observou-se que as variáveis independentemente associadas ao índice de Meisels foram o VHIS (β=2,77,p<0,01) e ter menopausa induzida (β=10,0,p<0,01); intercepto (β=48,8,p<0,01). Também foi observado que a interação entre VHIS e IM é menor em pacientes com menopausa induzida (β=-1,94,p<0,01).

CONCLUSÃO

Os sintomas urogenitais relatados pelas mulheres não se associaram à citologia hormonal. Os fatores associados à citologia hormonal foram o tipo de menopausa e o exame físico sugestivo de atrofia. Os presentes achados sugerem que o exame ginecológico é fundamental para diagnosticar a atrofia genital, mesmo em mulheres assintomáticas.

PALAVRAS-CHAVE

Climatério, Menopausa, Citologia, Síndrome Geniturinária da Menopausa