61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

CÂNCER DE RETO NA GESTAÇÃO – RELATO DE CASO E DISCUSSÃO.

CONTEXTO

Câncer colorretal (CCR) é o 3° mais comum na mulher. Contudo, incidência em mulheres abaixo de 40 anos é rara. Na gestação, raríssima: 0,02-0,1% das gestações. Há, assim, grande dificuldade em diagnóstico e terapêutica. Sinais e sintomas da neoplasia podem ser mascarados na gestante, dificultando diagnóstico precoce e piorando prognóstico.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

AVC, 38 anos, G4P2, quadro de dor pélvica, fezes em fita e sangramento vaginal. Ao exame, tumoração abaulando parede vaginal posterior. Toque retal: lesão infiltrante a 3 cm da margem anal, atingindo quase totalidade da luz do reto, endurecida e friável. Aventado diagnóstico de neoplasia maligna de reto. Ressonância magnética: lesão expansiva reto/sigmoide distal, circunferencial, com compressão de vagina e colo uterino; borramento de gordura adjacente. Indicada biópsia, realizada através de retossigmoidoscopia (RSC). Laudo: adenocarcinoma incidindo em adenoma viloso, displasia de alto grau e áreas de invasão estromal. Após diagnóstico, com 30 semanas, paciente avaliada pela Oncologia, que orientou interrupção da gestação para quimioterapia neoadjuvante (QTNeo). Em discussão multidisciplinar, definimos interrupção com 32 semanas, após corticoterapia antenatal. Cesariana, com nascimento de feto vivo, pesando 1835 g; Apgar 6/8.

COMENTÁRIOS

Gestantes com neoplasias gastrointestinais têm limitações em relação à propedêutica. Ultrassonografia tem acurácia limitada em tais lesões. Colonoscopia+biópsia (padrão ouro) pode comprometer vitalidade fetal: exposição fetal à anestesia; insuficiência placentária por hipóxia materna; ou descolamento placentário, por pressão mecânica. RSC é a opção mais viável. A maioria dos CCR na gestação acomete apenas reto (64-86%), e ocorre em 2°/3° trimestres gestacionais. Apresentação em estágios III/IV é comum, com pior prognostico. Estudo comparando gestantes e não grávidas, no âmbito do CCR, mostra taxa sobrevivência semelhante em cinco anos. No entanto, gestantes geralmente apresentam doença mais avançada no momento do diagnóstico. A maioria das pacientes demanda receber QTNeo. Nas primeiras 20 semanas de gestação, considera-se interromper gestação, buscando melhor prognóstico materno, antecipando tratamento. Na 2ª metade da gestação, contudo, devemos ponderar condições maternas e prognóstico fetal, definindo o melhor timing para interrupção da gravidez.

PALAVRAS-CHAVE

Gestação de Alto Risco; Câncer Colorretal; Adenocarcinoma

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Raphael Datrino Horta, Thadeu Silva Rosa Lima, Camille dos Santos Paciello Castro, Ana Sanches Prazeres, Julio Cesar Ferreira Rocha , Laura Maria Santiago Barros Iorio , Rafaela Santos Azevedo , Lelio Berti Belo