61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

MIELOTOXICIDADE DA PIRIMETAMINA NA TOXOPLASMOSE GESTACIONAL - RELATO DE CASO

CONTEXTO

A toxoplasmose gestacional é uma entidade clínica infecciosa causada pelo parasita Toxoplasma gondii. A aplasia de medula é uma complicação grave do uso de pirimetamina e sulfadiazina sem a contraposição ao ácido folínico.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

LRS, 31 anos, G4PC1PN2A0, 29 semanas de gestação, encaminhada ao serviço de obstetrícia devido quadro de pancitopenia. Relatava diagnóstico de toxoplasmose e que na 16° semana gestacional iniciou uso de espiramicina, sendo substituída pela terapia com sulfadiazina e pirimetamina, todavia sem uso de ácido folínico, evoluindo em dois meses com supressão medular. Referia astenia, hemoptise, dor torácica ventilatória dependente, dispneia aos pequenos esforços e hematoquezia estava hipocorada, com máculas hipercrômicas disseminadas, petéquias localizadas em palato e mucosa oral além de taquipneia, taquicardia materna e fetal (166bpm). Exames laboratoriais revelavam pancitopenia (hemoglobina: 4,2 g/dL; hematócrito: 11%; leucócitos: 2100/mm³; plaquetas: 5000/mm³) e ultrassonografia descrevia fígado com textura heterogênea compatível com hepatopatia crônica e sem sinais de acometimento fetal. A partir do diagnóstico de aplasia de medula induzida pela sulfadiazina e pirimetamina sem contraposição do ácido folínico, a terapia foi então instituída com folínico 50 mg – EV - 6/6h, corticoterapia para maturação pulmonar fetal e transfusão 03 concentrados de hemácia e 5 de plaquetas, com recuperação total da função medular. Suspenso o ácido fólico e reintroduzido a espiramicina 1500mg/dia. O follow-up foi realizado no termo, 41 semanas, ultrassonografia obstétrica 39 semanas, peso fetal 3706g, ILA 192mm (polidrâmnio), sem alterações ao doppler, laboratório: hemoglobida 10g/dL, leucócitos 13.880g/dL e plaquetas de 181.000/mm³. Optado pela via alta devido cesariana anterior. Puerpério sem intercorrências e recém-nascido sem achados sugestivos de toxoplasmose congênita.

COMENTÁRIOS

A gestação é um estado de inerente de subtração das reservas de folato. Devido características mielotóxicas do uso de pirimetamina se faz necessário, lembrar das e consequências do não uso do ácido folínico. Sendo incontestável a associação das terapias, com o intuito de mitigar a possibilidade de supressão medular, já bem demonstradas na literatura obstétrica e a importância do seguimento criterioso dos protocolos disponíveis pelo Ministério da Saúde para o tratamento de patologias associadas ao período gestacional, considerando os riscos de uma abordagem inadequada.

PALAVRAS-CHAVE

Toxoplasmose; Pancitopenia; Anemia Aplástica; Pirimetamina; Gestação

Área

OBSTETRÍCIA - Doenças infecciosas na gestação

Autores

Joilton Dantas Siqueira Silva, Ivanice Fernandes Barcellos Gemelli, Geiziel Moreira Cruz, Rayssa Loraynne Barcelos, Mariana Barros de Aguiar, Ariella Riva Meert , Carolline Araújo Bertan, Ariel Rosilda Ripardo Cabral Gonçalves