61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

ABSCESSO DO ILIOPSOAS COMO ETIOLOGIA DE QUADRO FEBRIL EM PUÉRPERA: RELATO DE CASO

CONTEXTO

O caso apresentado relata o processo investigativo até o diagnóstico de abscesso do iliopsoas em uma puérpera. Trata-se de uma causa rara de febre no período puerperal, entidade com amplo diagnóstico diferencial.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Primípara de 32 anos procurou hospital no 10º dia pós-operatório (DPO) de cesariana relatando dor súbita com piora progressiva em membro inferior esquerdo (MIE) e em quadril esquerdo iniciada no 4º DPO, além de febre iniciada no 7º DPO. À admissão, chamava atenção temperatura axilar de 39°C e dor à mínima movimentação de membros inferiores (MMII), impossibilitando mudança de decúbito e deambulação. Inexistiam sinais de infecção puerperal como endometrite, mastite ou abdome agudo, porém percebido edema de MMII mais intenso à esquerda, sem sinais flogísticos. Foi levantada hipótese de trombose venosa profunda (TVP) proximal de MIE, sendo feita analgesia otimizada e enoxaparina em dose terapêutica. Após ultrassonografia com doppler venoso de MMII descartar TVP, anticoagulação foi mantida em dose profilática. Exames laboratoriais iniciais mostraram leucocitose com desvio e o RT-PCR para pesquisa de SARS-CoV-2 foi negativo. Como novo relato da paciente que dor iniciou em região lombar no pós operatório imediato, levantada possibilidade de abscesso epidural secundário à raquianestesia. Após discussão com Neurologia e Infectologia do serviço, iniciados empiricamente ceftriaxona e oxacilina e solicitada ressonância magnética (RM) com contraste de coluna lombossacra, sem achados relevantes. Com o início da antibioticoterapia, houve boa resposta clínica e laboratorial. Hemocultura isolou Staphylococcus aureus sensível à oxacilina. Investigação sequencial com RM de bacia evidenciou coleção intramuscular no ventre do ilíaco esquerdo, medindo 3,5 x 3,5 x 1,5 cm, associada a edema de partes moles circunjacentes. Submetida, portanto, à drenagem de abscesso em iliopsoas esquerdo pela equipe de Ortopedia do serviço – cultura da secreção drenada foi negativa. Oxacilina mantida por vinte e um dias, tendo a paciente evoluído bem após esse período, deambulando com ajuda, e estando apta à alta hospitalar para seguimento ambulatorial com fisioterapia motora.

COMENTÁRIOS

Abscesso do iliopsoas é raro, e sua apresentação clínica pode mimetizar diversos diagnósticos – tromboflebite pélvica séptica, abscesso epidural e piomiosite do piriforme são exemplos. Conhecê-lo possibilita a suspeição necessária para diagnóstico e intervenção precoces no contexto de febre no período puerperal.

PALAVRAS-CHAVE

Abscesso do Iliopsoas; Febre; Infecção Puerperal; Diagnóstico Diferencial

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Marcus Caio de Moura Ferreira Gomes, Bárbara Santos de Oliveira, Brena Carvalho Pinto de Melo, Gabriela Couto Maurício de Paula Melo Lira, Leila Katz