61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Manejo do distúrbio da excitação genital persistente: um relato de caso

CONTEXTO

O distúrbio da excitação genital persistente (DEGP) caracteriza-se por sintomas intrusivos, indesejados e angustiantes de sensações espontâneas e prolongadas de excitação genital na ausência de desejo ou estimulação sexual, o que causa sofrimento e compromete a qualidade de vida. Será apresentado um relato de caso do manejo da DEGP em uma mulher.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Mulher, 50 anos, refere 15 orgasmos diários espontâneos e recorrentes que pioravam ao sentar e deitar, desde 04/22, quando diagnosticada com hérnia discal entre L2-S1 com compressão radicular, levando a sofrimento intenso, pensamentos de morte e ideação suicida. Portadora de HAS, Fibromialgia e DM II. Em uso de Desogestrel 75mcg, Fluoxetina 60mg/dia, Enalapril 10mg, Hidroclorotiazida 25mg/dia, Ezitimibe 10mg/dia, Alprazolam 0,5mg/dia, Trazodona 50mg, Pregabalina 150mg, Anlodipino 10mg. Realizou denervação percutânea sacral em 2022. Ultrassonografia transvaginal (07/22) normal, Ressonância Nuclear Magnética (RNM) da coluna vertebral (04/23) evidenciando espondilose, alterações discais e imagem cística no canal vertebral em S2 sugerindo cisto de Tarlov. Apresenta clitóris e tônus muscular normais e alívio da excitação à pressão da parede vaginal. Realizado bloqueio transcutâneo do nervo pudendo, guiado por toque vaginal, bilateralmente, com 10 ml Lidocaína a 1%, sem vasoconstrictor, com melhora imediata. Mantido Pregabalina 225mg/dia. Após duas semanas referiu redução de 80% do quadro. Realizado novo bloqueio do pudendo direito. Após 15 dias a paciente iniciou relações sexuais com resposta sexual normal. Em 03/23 substituido Fluoxetina por Paroxetina 15mg. A avaliação neurologica revelou dor "tipo repuxamento/pressão" da região lombar intensidade 7/10, dor coccígea intensidade 10/10, hipoestesia tátil e alodinia em territórios de L5-L3 e S1, força muscular grau 4 a flexão quadril + extensão do quadril + abdução e adução do quadril bilateralmente, força grau 5 distal na perna bilateralmente, Tor: grau 2 bilateralmente em membros inferiores. Em 08/05/23 referiu dificuldade para obter orgasmo aos estímulos devido redução da sensibilidade prazerosa na genitália.

COMENTÁRIOS

É desafiador definir a estratégia adequada para controlar a DEGP. Os exames complementares nem sempre agregam ao diagnóstico, o que leva a incerteza da efetividade do tratamento. O bloqueio do pudendo pode ser um recurso para controlar os sintomas, mas pode levar a disfunção orgasmica.

PALAVRAS-CHAVE

excitação genital persistente; orgasmo; cistos de Tarlov

Área

GINECOLOGIA - Sexualidade e População LGBTQIAP+

Autores

Tainara Tainara Menchete, Rodolfo Silva Bertoli, Amanda Aguiar Loureiro, Ana Carolina Japur de Sá Rosa-e-Silva, Debora Aiesha Leite Cantelli, Lucia Alves da Silva Lara, Fabíola dach, Júlia Kefalás Troncon