61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Abordagem de inversão uterina pós-parto vaginal em hospital público do Distrito Federal.

CONTEXTO

A inversão uterina é uma complicação rara e grave, que apresenta alto risco de mortalidade materna por hemorragia e choque. O diagnóstico é frequentemente feito clinicamente com um exame bimanual, durante o qual o fundo uterino é palpado no segmento uterino inferior ou dentro da vagina. A tração excessiva do cordão umbilical com fixação do fundo da placenta e a pressão uterina no contexto de um útero relaxado são as duas etiologias mais comuns para a inversão uterina. No entanto, na maioria dos casos, não são identificados fatores de risco, tornando essa condição imprevisível.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

G.B.A, 18 anos, G4PN1A2, idade gestacional de 41 semanas, com histórico de abortamentos sucessivos em 2021 e 2022, com necessidade de curetagem uterina. Deu entrada em Centro Obstétrico e foi internada para interrupção de gestação. Iniciou-se o processo preparação de colo uterino com a inserção de um comprimido de misoprostol 25 mcg via vaginal e, após seis horas, teve-se início de trabalho de parto. Após 3 horas e 53 minutos, atesta-se o nascimento de RN do sexo feminino, banhado em líquido amniótico meconial. Em processo de dequitação manual da placenta, é feita ocitocina intramuscular, manobra de Brandt-Andrews, tração controlada de cordão umbilical, com duração de 30 minutos, quando há inversão uterina completa, não sendo desfeita mesmo com tentativa da manobra de Johnson. O sangramento uterino é intenso e profuso, é feita reposição volêmica imediata e ocitocina endovenosa, com monitorização de sinais vitais. Leva-se a paciente imediatamente ao centro cirúrgico, quando então ela é submetida a reposicionamento uterino via laparotomia. Após reposição do útero, são feitos dois concentrados de hemácia e monitorização contínua, tendo-se obtido sucesso com reestabelecimento dos sinais vitais da paciente.

COMENTÁRIOS

Uma vez feito o diagnóstico de inversão uterina, é necessária intervenção imediata para controle da hemorragia e restauração da estabilidade hemodinâmica da mãe. Toda a equipe e a instituição de saúde que atuam no cuidado obstétrico devem estar aptas e preparadas para abordar um quadro de Hemorragia Pós-Parto (HPP), com medidas imediatas que garantam a sobrevivência da mãe. Medidas de estratificação de risco para HPP devem ser adotadas em rotina da assistência obstétrica e é uma estratégia que pode ser aplicada rotineiramente durante o pré-natal, o parto e o puerpério.

PALAVRAS-CHAVE

Inversão uterina; período pós-parto; hemorragia pós-parto

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Paulo Eduardo Araújo Almeida, Ingrid Albuquerque Egito, Betina Beatriz De Oliveira