Dados do Trabalho
TÍTULO
Gestação Ectópica em Cicatriz de Cesárea - Tratamento com Metotrexato: cinco anos de experiência.
CONTEXTO
A gravidez ectópica (GE) em cicatriz de cesárea se caracteriza pela implantação do embrião em uma cicatriz de histerotomia anterior. Esta apresentação é rara, com uma prevalência estimada é 6,1% entre as gestações ectópicas em mulheres com história de cesariana prévia. Possui um comportamento mais agressivo e está atrelada a complicações graves, como: ruptura uterina, hemorragia, podendo levar a morte materna. Esse estudo se propõe em relatar uma série 8 casos de GE em cicatriz de cesárea, tratados com Metotrexato (MTX) de forma local ou sistêmica e aprofundar a discussão sobre uso de tal método, visto que apresenta interessante opção terapêutica por não comprometer ainda mais o futuro reprodutivo da paciente.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Entre os anos de 2018-2023 foram atendidas na emergência obstétrica do Hospital Fêmina - Porto Alegre 8 casos de gestações ectópicas em cicatriz de cesárea, que obtiveram tratamento com uso de Metotrexato (MTX). As pacientes possuíam idades entre 27-42 anos, com a média de 36,5 anos. Tinham em média 2 cesáreas prévias e idade gestacional média 43 dias. Em metade dos casos havia batimento cardíaco fetal (BCF) presente à ultrassonografia. A aplicação do MTX ocorreu de forma sistêmica para 4 pacientes e local em 4 casos (os que possuíam BCF + ), com injeção única de 130mg em média. Em 1 dos casos também houve injeção intracardíaca de KCl. Obteve-se sucesso terapêutico em todas as pacientes, sem necessidade de reintervenção
COMENTÁRIOS
Nas pacientes hemodinamicamente estáveis, a decisão terapêutica deve ser compartilhada e guiada por fatores como tipo de GE, idade gestacional, desejo de fertilidade futura e experiência do médico assistente. Em nosso estudo, independente da via de administração do tratamento com metotrexato, obteve-se sucesso terapêutico em todas as pacientes. O tratamento medicamentoso com Metotrexato tornou-se uma opção interessante não só pela sua eficácia, mas principalmente por evitar a terapêutica cirúrgica que pode comprometer o futuro reprodutivo. O tratamento é realizado de duas formas, a sistêmica: em casos que o embrião não apresenta BCF e se individualiza de acordo com título inicial da β-hCG, podendo ser administrado dose única do MTX de 50 mg/m2 IM ou com múltiplas doses de MTX de 1 mg/kg IM em dias intercalados. E a aplicação de forma local do MTX, que, é indicada quando o embrião está vivo, com injeção intracardíaca de KCL 2 mEq/mL e MTX no interior do saco gestacional na dose de 1 mg/kg.
PALAVRAS-CHAVE
Gravidez Ectópica; Cesárea; Tratamento; Metotrexato;
Área
OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais
Autores
Thaynara Maestri, Vitória Xausa Bosak, Jessica Buss, Ana Paula Strazas, Flávia Céspedes Gurski, Jade Lazzeron Bertoglio, Mirela Foresti Jimenez, Felipe Bassols