Dados do Trabalho
TÍTULO
HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO E COVID-19: ANÁLISE DE DESFECHOS E BIOMARCADORES EM GESTANTES VACINADAS
OBJETIVO
Descrever desfechos maternos, perinatais e dosagens de biomarcadores (sFlt-1/PlGF) em gestantes com distúrbios hipertensivos, vacinadas contra COVID-19, comparando casos com e sem infecção comprovada pelo SARS-CoV-2.
MÉTODOS
A Rede Brasileira de Estudo sobre COVID-19 em Obstetrícia (REBRACO) implementou um estudo multicêntrico de coorte prospectiva para estudar os impactos da COVID-19 na gestação. Esta é uma análise secundária, no centro coordenador, considerando gestantes com distúrbios hipertensivos vacinadas contra COVID-19. Foram avaliados dados sociodemográficos, antecedentes e desfechos, além da coleta de amostra de soro para dosagem de fatores angiogênicos, sFlt-1 e PlGF, por eletroquimioluminescência. Considerou-se sFlt-1/PlGF>38 como preditor de pré-eclâmpsia (PE). Os casos foram comparados segundo infecção comprovada por SARS-CoV-2 na gestação, usando testes de Qui-quadrado e Odds Ratio, com p-valor considerado significativo ≤0,05.
RESULTADOS
Dentre 549 gestantes incluídas, 136 apresentaram distúrbios hipertensivos, destas 132 com soro para avaliação de biomarcadores, 30 COVID-19 positivo (+) e 102 COVID-19 negativo (-). Das 132, 60 apresentavam hipertensão crônica; 76 desenvolveram PE. Na comparação dos grupos com e sem infecção por SARS-CoV-2 na gestação, não houve diferenças significativas nas características sociodemográficas. A média de idade foi ao redor de 30 anos, nos dois grupos, com cerca de um terço de primigestas. Quanto aos desfechos gestacionais, 18 (60%) apresentaram PE no grupo COVID+, e 58 (56,9%) no grupo COVID-. Observou-se alta frequência de casos com sinais de gravidade dentre mulheres com PE (50% e 58,6% respectivamente nos grupos COVID+ e COVID-). Houve 1 caso de eclâmpsia, em paciente com COVID-19 diagnosticado concomitante à PE, às 35 semanas. Com relação à dosagem de biomarcadores, respectivamente 6 (20%) e 24 (23,5%) das gestantes com e sem infecção apresentaram sFlt-1/PlGF > 38 na admissão ao estudo. A via de parto mais frequente foi cesárea, com taxa de 89,3% no grupo COVID+ e 79,59% no grupo COVID- (p=0,13). Observou-se respectivamente 39,3% e 44,9% de partos pré-termo nos casos COVID+ e COVID- (p=0,11). Não houve morte materna ou neonatal.
CONCLUSÃO
Em gestantes com distúrbios hipertensivos vacinadas contra COVID-19, os desfechos e biomarcadores em casos com e sem infecção comprovada por SARS-CoV-2 não foram diferentes. Estudos futuros precisam avaliar o papel da infecção como fator de risco para PE.
PALAVRAS-CHAVE
Hipertensão Induzida pela Gravidez; Pré-eclâmpsia; COVID-19; Vacinas contra COVID-19; Biomarcadores
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco
Autores
Isabella Ally Vasconcelos Silva, Sarah Luiza Dariva, José Paulo Siqueira Guida, Luciana Pietro, Guilherme de Moraes Nobrega, Renato Teixeira Souza, José Guilherme Cecatti, Maria Laura Costa do Nascimento