Dados do Trabalho
TÍTULO
Ruptura Hepática em síndrome HELLP, com empacotamento hepático intra parto cesariana: Relato de Caso
CONTEXTO
A rotura hepática em contexto obstétrico é evento grave e ameaçador à vida. De ocorrência rara, 1 entre 45 a 225 mil gestações, seu manejo ideal permanece obscuro, sendo utilizadas referências da cirurgia do trauma. Todavia, dada a velocidade de instalação do evento e sua morbimortalidade, cabe ao obstetra seu manejo inicial.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente G2Pc1, 40 anos, admitida com 30 semanas e 5 dias de gestação por Pré Eclâmpsia com descontrole pressórico, crescimento intrauterino restrito estágio II, plaquetas 133.000 e transaminase oxalacética 104. Diante de paciente com boas condições clínicas, optado por completar corticoterapia e realizar seguimento ultrassonográfico com avaliação diária de ducto venoso. Durante internação, paciente seguiu com exames laboratoriais estáveis e sem novas alterações à ultrassonografia obstétrica. Em seu 15º dia de internação, com 32 semanas e 5 dias, evoluiu com epigastralgia súbita e intensa, dor referida em ombro direito, distensão abdominal e palidez cutânea; e monitorização fetal com a cardiotocografia demonstrou estado fetal não tranquilizador, sendo indicada cesariana. À laparotomia, identificado hemoperitôneo franco e realizada ampliação de acesso por incisão mediana que evidenciou hematoma hepático em segmentos VI, VII e VIII e rotura em região posterior do fígado. Realizada dissecção do ligamento falciforme e tamponamento de toda superfície hepática com 13 compressas, hemotransfusão maciça no intraoperatório, instalado dreno à vácuo e fechamento de parede abdominal em bloco para abordagem em segundo momento. Exames colhidos na indução anestésica evidenciam síndrome HELLP grave. Paciente encaminhada instável hemodinamicamente para outra instituição com suporte em terapia intensiva e cirurgia geral onde foi realizada reabordagem após estabilização clínica. Retorna ao hospital de origem após cuidados em terapia intensiva e recebe alta em bom estado geral sem prejuízos à função hepática.
COMENTÁRIOS
Com este relato, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa, CAAE nº 69797223.6.0000.5132, espera-se elucidar a possibilidade de manejo inicial da rotura hepática pelo obstetra na ausência de equipe de cirurgia geral disponível, seguindo o conceito de cirurgia de controle de danos. Dentre as técnicas descritas, o empacotamento hepático e a ligadura temporária do pedículo hepático - manobra de Pringle - podem ser empregadas pelo obstetra com o intuito de conter o sangramento e permitir reabordagem segura.
PALAVRAS-CHAVE
Ruptura Hepatica; Sindrome HELLP; Gestação de Alto Risco.
Área
OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação
Autores
Paulo Cesar Mendes Barros, Rhaissa Luiza Porto do Vale, Nathalia Roscoe e Firace, Mariana Gomes Cunha, Caroline Reis Goncalves