Dados do Trabalho
TÍTULO
HEMORRAGIA PÓS-PARTO NO BRASIL DE 2012-2022: UMA ANÁLISE DE DISPARIDADES RACIAIS E REGIONAIS
OBJETIVO
Identificar disparidades raciais e regionais nos casos de hemorragia pós-parto (HPP) no Brasil de 2012 a 2022.
MÉTODOS
Estudo transversal e retrospectivo baseado nos dados da plataforma DATASUS, usando informações de morbidade hospitalar do SUS do item “hemorragia pós-parto” na lista de morbidades CID-10. Foram analisados o número de casos e taxa de mortalidade por raça/cor, ademais, o número de óbitos e taxa de mortalidade foram analisados conforme a região do país. Os dados utilizados são de domínio público, sendo dispensável a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
RESULTADOS
No total, foram registrados 26.175 casos, 256 óbitos e uma taxa de mortalidade de 0,98 por HPP no Brasil de 2012 a 2022. Entre os casos, predominou a ocorrência em mulheres pardas, que representaram 10.088 (38,5%) da amostra, com o critério não sendo preenchido em 6.349 casos; A maior taxa de mortalidade foi vista entre Indígenas (4,92), e a menor entre Brancas (0,95). Do total de casos analisado, 2.897 (11%) ocorreram em 2019 – ano com maior número de casos; já no ano de 2018 houve o maior número de óbitos, com 30 (11,7%). A região com maior número de casos e óbitos foi a Sudeste, com respectivamente 10.294 (39,3%) e 109 (42,6%). Em contrapartida, as três maiores taxas de mortalidade foram vistas, em ordem decrescente, na região Centro-Oeste (1,50), Sudeste (1,06) e Nordeste (0,94).
CONCLUSÃO
Conclui-se que os casos de hemorragia pós-parto no Brasil no período de 2012-2022 predominaram entre mulheres pardas, e que a taxa de mortalidade foi maior em mulheres indígenas enquanto a menor foi em mulheres brancas. Tal fato evidencia a vulnerabilidade de minorias raciais no contexto da saúde, o que engloba desde a dificuldade de acesso aos serviços até a menor qualidade do atendimento prestado a pacientes não brancos – situações previamente relatadas na literatura. Nota-se também falhas no preenchimento do critério raça/cor, dificultando a análise da variável. Além disso, houve maior número de casos na região Sudeste, fator que pode estar associado à maior população da região em relação a outras do país. Em contrapartida, a maior mortalidade em outras regiões pode indicar acesso dificultoso a centros preparados para manejo intercorrências como a Hemorragia Pós-Parto, por limitações geográficas e de locomoção. Por fim, percebe-se que mais estudos sobre o assunto são necessários, para que medidas de manejo adequadas sejam instituídas de forma a reduzir disparidades raciais e regionais existentes.
PALAVRAS-CHAVE
Hemorragia Pós-Parto; Obstetrícia; Período Pós-Parto.
Área
OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico
Autores
Maria Eduarda Silveira Bührnheim, Ana Laura Guimarães Moura, Mariana de Sousa Ribeiro de Carvalho