Dados do Trabalho
TÍTULO
Desfechos maternos e perinatais de gestantes e puérperas com COVID-19 em dois anos de pandemia
OBJETIVO
Descrever os desfechos maternos e perinatais de gestantes e puérperas admitidas com COVID-19 em uma maternidade-escola do Nordeste do Brasil.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo de coorte ambidirecional, realizado em uma maternidade-escola do Nordeste, que incluiu as gestantes e puérperas internadas por COVID-19 no serviço entre 1 de abril de 2020 a 31 de março de 2022. Os dados foram coletados a partir de um formulário padrão, com precauções para evitar contaminação. Foram analisadas variáveis biológicas, sociodemográficas, obstétricas, de assistência pré-natal, de resultados do parto e os desfechos maternos e perinatais. Esta pesquisa foi previamente submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o CAAE 31757620.5.0000.5201. As pacientes incluídas prospectivamente assinaram um termo de consentimento.
RESULTADOS
Foram incluídas 430 pacientes. Destas, 84.4% tinham idade abaixo dos 35 anos, 83.6% eram pardas ou negras, 64.3% apresentavam sobrepeso ou obesidade, 90.1% possuíam renda per capita inferior a um salário mínimo, 67.7% estudaram menos de 12 anos e 45.2% gestaram três ou mais vezes. Em relação à assistência pré-natal, 68.4% tiveram pelo menos seis consultas. Em relação aos resultados do parto, 66.7% das pacientes tiveram o parto no serviço, sendo 56.8% dessas submetidas à cesariana. Entre as indicações de cesariana, 14.1% foram relacionadas à COVID-19. A idade gestacional média no parto foi de 37,5 semanas. Houve seis mortes maternas e 22 casos de near miss materno. Em relação aos desfechos perinatais, houve 18 casos de near miss neonatal, 30 óbitos fetais, três óbitos neonatais precoces e cinco óbitos neonatais tardios.
CONCLUSÃO
A maior parte das pacientes admitidas com COVID-19 são jovens, pardas, multigestas, apresentam baixa renda e estão acima da faixa de peso considerada ideal. Grande parte das pacientes tiveram o número mínimo de consultas pré-natais. Em relação à via de nascimento, a cesariana foi predominante, porém as indicações relacionadas à COVID-19 não foram tão frequentes. Portanto, a infecção, por si só, não representa necessariamente uma justificativa para realizar cesariana. A maioria das pacientes recebeu alta e os desfechos adversos representaram 6.5% dos casos, enquanto os desfechos perinatais graves representaram 20.4%.
PALAVRAS-CHAVE
coronavírus; infecções por coronavírus; gravidez; mortalidade materna; mortalidade perinatal.
Área
OBSTETRÍCIA - Doenças infecciosas na gestação
Autores
Marina Amorim Albuquerque, Leila Katz, Lucas Felix Marinho Neves, Arthur Ferreira Cerqueira Amorim, Anna Catharina Magliano Carneiro Cunha, Adriana Melo, Melania Maria Ramos Amorim