61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Perfil epidemiológico da mortalidade materna por aborto nas regiões brasileiras entre 2011 e 2021.

OBJETIVO

Analisar os impactos socioeconômicos e políticos nos dados sobre a mortalidade materna por aborto nas regiões do Brasil.

MÉTODOS

Foram coletados dados sobre a mortalidade por aborto no Brasil entre 2011 a 2021 por região, utilizando o software TabWin, analisadas as variáveis de raça, escolaridade e estado civil.

RESULTADOS

O Norte registrou o maior aumento de mortalidade por aborto, subindo 9 pontos percentuais (p.p), seguida das regiões Sul e Centro-Oeste, ambas com aumento de 3 p.p. Todavia, houve uma redução no Sudeste (9 p.p) e Nordeste (7 p.p). No tocante à raça, mulheres pardas representam a maioria das mortes por aborto entre as regiões, salvo no Sul, onde mulheres brancas compõem 68% dos casos. Entre 2011 e 2021, as mortes por aborto de mães brancas caiu 9 p.p e as de mães pretas e pardas subiu 4 p.p e 10 p.p, respectivamente. Mulheres pretas tiveram 2,76 vezes mais chances de morte por aborto que as brancas em 2021. Em relação à escolaridade, a maior parcela é entre 08 e 11 anos de estudo completo em todas as regiões. Quanto ao estado civil, solteiras registraram 57% das mortes, destacando-se o Centro-Oeste (75% dos casos). Contudo, a morte de mães solteiras registrou a maior queda - 4 p.p, e o grupo das separadas judicialmente teve o maior aumento - 2 p.p.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o perfil epidemiológico da mortalidade por aborto no Brasil é de mulheres pretas e pardas e com menor escolaridade, evidenciando uma iniquidade em saúde, relacionada a grupos de maior vulnerabilidade social. Mães solteiras registram maior mortalidade, o que pode ser devido à falta de apoio na gravidez. O aumento das mortes por aborto no Norte, Sul e Centro-Oeste pode ser justificado por um melhor registro dos óbitos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Porém, a falta de acesso aos serviços de saúde e o estigma em torno do aborto levam a adoção de métodos perigosos, aumentando o risco de morte. Portanto, a mortalidade materna por aborto é uma questão que evidencia as desigualdades sociais do país, devendo ser enfrentada com investimento em serviços de saúde de qualidade, educação sexual e promoção da saúde.

PALAVRAS-CHAVE

Aborto, Brasil, Mortalidade Materna.

Área

OBSTETRÍCIA - Atenção Primária

Autores

Rafael Nogueira Conti Burgos, Marina Rodrigues Reis Lopes, Larissa Carolina Silva Matias, Márcia Sacramento Cunha Machado