Dados do Trabalho
TÍTULO
MANEJO DE TUMORAÇÃO ANEXIAL PERSISTENTE E DE GRANDE VOLUME DURANTE A GESTAÇÃO: UM RELATO DE CASO
CONTEXTO
quando comparada a população geral da mesma idade, o que costuma advir incidentalmente por meio do ultrassom obstétrico ou cesariana. Entre os tipos mais frequentes de lesões anexiais encontradas durante período gestacional estão os cistos dermoides (32%), endometriomas (15%), cistos funcionais (12%), cistoadenomas serosos (11%) e cistoadenomas mucinosos (8%), enquanto lesões malignas representam até 6%.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Primigesta de 21 anos, sem comorbidades prévias, diagnosticada em ultrassonografia transvaginal do 1º trimestre com formação anecogênica em anexo direito, de 18,8x17,8x12 cm (2128 cc), se estendendo até epigástrio, ocasionando sintomas álgicos importantes à paciente, refratários a tratamento com analgesia simples e opioides. Devido repercussão clínica e carácter progressivo da lesão anexial para 3306 cc, em novos exames de imagem, foi optado por drenagem guiada por ultrassom, com saída de cerca de 3 litros de líquido de aspecto acastanhado, cuja análise citológica resultou em células mesoteliais sem atipias, negativas para neoplasia. Após procedimento, paciente foi mantida em acompanhamento pré-natal frequente com exames de imagem seriados, mostrando recorrência de formação cística, com novas medidas de 24,2 x 10,8 x 15 cm (2053 cc), sem demais repercussões. Optado por seguimento da gestação até 40 semanas, devido estabilidade do quadro e por apresentar boa vitalidade fetal. Paciente submetida a resolução da gestação por via alta com 40s+3d, com realização de salpingooforectomia à direita, sem intercorrências. Análise anatomopatológica da lesão resultou em teratoma sólido-cístico com Struma ovarii, pesando 1501 g. Puérpera e recém-nascido apresentaram boa evolução em período pós-natal, sem complicações, com alta hospitalar 48h pós-parto.
COMENTÁRIOS
Embora a conduta expectante seja possível para maioria dos tumores anexiais durante a gestação e cerca de 70% destes se resolvam espontaneamente, uma minoria justifica intervenção cirúrgica devido a presença sintomas importantes, risco de torção ou suspeita de malignidade (cerca de 10% das lesões persistentes na gravidez são malignas). A fim de mitigar possíveis complicações relacionadas a abordagem cirúrgica, a drenagem percutânea guiada por ultrassom torna-se uma alternativa legítima e segura. A decisão do manejo expectante ou ativo destas lesões neste contexto deve ser sempre individualizada e os riscos para o binômio mãe-feto constantemente analisados, possibilitando um desfecho gestacional favorável.
PALAVRAS-CHAVE
CISTO OVARIANO NA GESTAÇÃO | TUMOR ANEXIAL | COMPLICAÇÕES NA GRAVIDEZ
Área
OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação
Autores
Marina Fernandes Pedro, Daniela Wonraht Granato, Silvia Regina Piza Ferreira Jorge, Lilian de Paiva Rodrigues Hsu, Marcella Cruz Fraiha, Bruna Ferrarezi, Ricardo Mamber Czeresnia, Camilla Framil Rocha