Dados do Trabalho
TÍTULO
Uso da Tecnologia na Adesão à Saúde Reprodutiva no Puerpério: Um Ensaio Clínico Randomizado
OBJETIVO
Comparar índices de adesão ao acompanhamento puerperal, amamentação e uso de contraceptivos seis semanas após o parto entre mulheres que receberam ou não informações remotas.
MÉTODOS
Estudo prospectivo, randomizado e aberto realizado com puérperas, incluídas até 10° dia pós-parto de recém-nascidos vivos, que possuíssem smartphones com acesso ao aplicativo WhatsApp e residissem em Salvador-Bahia. Após aplicação do termo de consentimento livre e esclarecido, um questionário para obtenção de dados sociodemográficos, conhecimento e uso de métodos contraceptivos, além do questionário LMUP (do inglês London Measure of Unplanned Pregnancy) para a avaliação do planejamento reprodutivo foram aplicados. Todas as pacientes foram orientadas e receberem uma cartilha sobre o puerpério, amamentação e contracepção. A randomização foi feita, na razão 1:1, em dois grupos, intitulados multiplataforma (M) e convencional (C). O grupo multiplataforma recebeu semanalmente, através da lista de transmissão do Whatsapp, materiais oficiais do Ministério da Saúdes sobre as temáticas avaliadas, enquanto o grupo convencional não recebeu contato remoto. Após 35-40 dias da inclusão, foi feita uma ligação para as participantes, questionando sobre o comparecimento à consulta puerperal, amamentação (exclusiva ou não) e uso de contraceptivos (se sim, qual). O teste de Kolmogorov foi utilizado para verificar o tamanho amostral. A análise entre os grupos foi realizada com o teste de Mann-Whitney e as associações com variáveis categóricas com o teste Qui-Quadrado ou teste exato de Fisher. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) sob o número CAAE: 08577819.3.0000.5544.
RESULTADOS
140 puérperas foram incluídas no estudo. Apenas 24% das gestações foram tidas como planejadas pela análise do LMUP. Não houve diferença significativa estatisticamente quanto aos índices de comparecimento à consulta puerperal (M: 55,7% vs. C: 42,9%) e amamentação (M: 39% vs. C: 44%) entre os grupos do estudo. Os contraceptivos de curta duração foram as principais escolhas em ambos os grupos (M: 57% vs C: 44% com p>0.05). Foi observado que 50% do grupo convencional não obteve orientação contraceptiva no pré-natal, comparado a 25,7% do grupo multiplataforma, no qual houve mais escolhas por contraceptivos durante esse período (34.3% vs. 27.1% com p=0.01).
CONCLUSÃO
O uso de tecnologia móvel não mostrou impacto na adesão das pacientes aos cuidados puerperais, amamentação e uso de contraceptivos em 40 dias após o parto.
PALAVRAS-CHAVE
Período Pós-Parto; Anticoncepção; Aleitamento Materno; Tecnologia Móvel.
Área
GINECOLOGIA - Contracepção
Autores
Anelise Maria Nicolau Silva, Iara Pires Reis Silva, Milena Bastos Brito