61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Mortalidade materna na região Norte do Brasil. Uma análise de 2016 a 2022.

OBJETIVO

Avaliar a taxa de mortalidade materna nos estados da região Norte do Brasil e seus aspectos epidemiológicos.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, observacional e quantitativo, baseado em dados obtidos do portal do Observatório Obstétrico. As variáveis estudadas foram: cor, escolaridade, estado civil, tipo de morte, assistência médica, investigação pelo Comitê de mortalidade materna (CMM), categoria do CID -10, período e local de ocorrência do óbito. Por ser realizado com dados secundários, não houve submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, consoante à Resolução 510/2016 e aos termos da Lei 12.527/2011.

RESULTADOS

Ocorreram no total 1849 óbitos no período do estudo, sendo o estado do Pará responsável pelo maior número de casos, com 856 (45,5%) mortes, seguido pelo Amazonas com 485 (28,23%). O ano de maior ocorrência foi 2021, representando 23,47% do total. Quanto ao perfil epidemiológico, as mulheres eram de cor parda (70%), tinham apenas o ensino médio completo (36%), e 44% eram solteiras. Ademais, 91% dos óbitos ocorreram em ambiente hospitalar, onde 88% receberam assistência médica. Outrossim, 69% dos óbitos não foram investigados pelo Comitê de Morte Materna (CMM), sendo somente 0,7% das mortes investigadas. No que tange ao tipo de morte materna, 61% foram mortes diretas, 35% indiretas e 3,7% não foram investigadas. As principais causas de mortalidade foram, respectivamente: Outras doenças que complicam a gravidez, o parto e o puerpério (CID-10: O99); Eclâmpsia (O15); Hemorragia pós-parto (O72) e Hipertensão gestacional com proteinúria significativa (O14). Além disso, 32% dos óbitos ocorreram durante a gravidez, parto ou aborto; 59% durante o puérperio até 42 dias e 9% não foram informados ou estavam fora desse período.

CONCLUSÃO

Sob esse viés, o maior número de óbitos maternos ocorreu em 2021, evidenciando o impacto da pandemia de COVID-19 e da sobrecarga do sistema de saúde. Nota-se, ainda, que apesar da alta taxa de assistência médica e hospitalar, os índices de mortalidade materna são elevados no Norte do Brasil, sendo o 3º maior do país. Diante disso, questiona-se a eficiência da saúde pública no suporte às gestantes e puérperas, no contexto histórico de dificuldades de acesso, iniquidade e precariedade de recursos nos estados da região Norte.

PALAVRAS-CHAVE

Mortalidade materna; gravidez; epidemiologia

Área

OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais

Autores

Beatriz Narciso Aguiar, Ana Luiza Narciso Aguiar, Julia Castro Rodrigues, Marcus Henriques Rodrigues Ribeiro de Araújo, Matheus Nunes Horewicz, Melissa Gabriela Bitar Cunha, Patricia Leite Brito, Vinicius Zacarias de Ramos Aires