Dados do Trabalho
TÍTULO
Diagnóstico de depressão em mulheres em diferentes fases do ciclo reprodutivo na população brasileira
OBJETIVO
Estimar a prevalência do diagnóstico de depressão em mulheres brasileiras em diferentes fases do ciclo reprodutivo (nuligesta, primigesta, multigesta).
MÉTODOS
Estudo transversal com amostra de mulheres em idade reprodutiva participantes da Pesquisa Nacional de Saúde, desenvolvida em 2013. O desfecho foi o autorrelato do diagnóstico de depressão e a variável independente foi a fase do ciclo reprodutivo. O tamanho amostral foi estimado por meio dos indicadores de proporção para os grupos de interesse para a população geral sendo selecionado 81.357 domicílios. A seleção da amostra foi a partir de conglomerado dos setores censitários seguida pelos domicílios do setor e posterior amostragem aleatória simples do informante, sendo três estágios de seleção a partir da amostra mestra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As estimativas de prevalência levaram em consideração a amostragem complexa do estudo, adotando-se intervalo de confiança de 95% e estimando a diferença entre as fases reprodutivas através de razão de prevalência (RP).
RESULTADOS
Participaram 22.621 mulheres em fase reprodutiva, das quais 16811 (70,2%; IC95%: 69,0-71,3) responderam ter histórico de gestação em algum momento da vida, sendo 800 (2,9%) gestantes e todas multigesta, não havendo nenhuma primigesta. A média de filhos dessas mulheres era de 2,14 filhos (IC95%:2,10-2,18). 5810 delas (29,8%; IC95%: 28,7-31,0) afirmaram nunca ter gestado. A prevalência de depressão foi de 1869 (9,6%) em mulheres. Em geral, as mulheres possuem quase três vezes mais casos de diagnóstico autorreferido de depressão que os homens (11,2% vs 3,9%). Mulheres com histórico gestacional são quase duas vezes mais associadas ao diagnóstico de depressão que mulheres nuligesta (11,1% vs 5,9%). As mulheres gestantes são quase duas vezes menos associadas ao diagnóstico de depressão que aquelas que não estão gestantes (4,6% vs 9,7%). Evidencia-se na amostra que há diferença na prevalência de diagnóstico de depressão entre mulheres com gestação prévia e as nuligesta após ajustamento de confundidores biopsicossociais, onde aquelas com gestações prévias têm 38% mais casos de diagnóstico de depressão (RP=1,38; IC95%: 1,09-1,75). As mulheres gestantes no momento da pesquisa não revelaram distinção quanto ao diagnóstico de depressão em relação às nuligestas (RP=0,77; IC95%: 0,44-1,35).
CONCLUSÃO
As gestantes e nulíparas brasileiras estão menos associadas ao diagnóstico de depressão.
PALAVRAS-CHAVE
Depressão, Gravidez, Determinante Social, Epidemiologia, Brasil.
Área
OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais
Autores
Marianna Rodrigues Marques Dourado, Leticia Rocha Sobral , Brenda Lima Meireles Martins, Rebeca Dória Alves Feitosa, Justo Ferraz Neto Segundo, Cyntia Cysneiros Brito, Johnnatas Mikael Lopes, Myrthis Barros Ribeiro