Dados do Trabalho
TÍTULO
LEUCOENCEFALOPATIA POSTERIOR RETRÓGRADA EM GESTANTE DE BAIXO RISCO
CONTEXTO
A encefalopatia posterior reversível (SLPR) é uma síndrome aguda/subaguda geralmente associada à eclâmpsia, encefalopatia hipertensiva e urêmica, neurotoxicidade a ciclosporina-A e púrpura trombocitopênica trombótica. O quadro geralmente apresenta-se com elevação pressórica, evoluindo com cefaleia, rebaixamento de sensório, crises epilépticas e distúrbios visuais. A sintomatologia regride completamente se corrigidas em tempo hábil as causas determinantes, caso contrário, podem instalar-se danos irreversíveis como a cegueira cortical e morte. A TC (tomografia computadorizada) e RNM (ressonância magnética) evidenciam edema da substância branca e cinzenta, principalmente das regiões parieto-occipitais.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
JL, 24 anos, nigeriana, G1, IG 38+1, previamente hígida, sorologias não reagentes, encaminhada à maternidade por quadro de perda visual súbita ocorrida pela manhã após cefaleia intensa. Na admissão às 1:10 paciente apresentava perda de força generalizada, perda visual total, desorientada, Glasgow 15, pupilas isocóricas e fotorreagentes, pressão 170/120, movimentação fetal presente, cardiotocografia categoria 1. Resultados laboratoriais de provas de gravidade sem alterações e relação proteinúria/creatinúria de 0.32, confirmando pré-eclâmpsia. Realizada cesariana às 3:16. Foi solicitado TC de crânio que evidenciou áreas de hipodensidade bioccipitais e parietal direita, juntamente com quadro clínico, diagnosticando a síndrome da leucoencefalopatia posterior reversível. Paciente permaneceu internada em leito de maternidade por 8 dias devido a difícil controle pressórico, tendo recebido alta em uso de enalapril 20mg BID e anlodipino 10mg a noite. Após um mês do quadro paciente retornou em atendimento ambulatorial com resultado de RNM de crânio dentro dos limites da normalidade e com recuperação total da perda de força e visual.
COMENTÁRIOS
Quadro da SLPR é clinicamente semelhante com quadros de acidente vascular encefálico (AVE) e de difícil diferenciação em gestantes no primeiro atendimento devido a rapidez de tomada de decisões visando o melhor prognóstico da gestante e pela restrição de métodos de diagnóstico por imagem. Porém, apesar de complexa, tal síndrome geralmente apresenta bom prognóstico com resolução dos sintomas maternos em torno de 15 dias. Eventualmente pode evoluir com sequelas definitivas até a morte. Portanto é de fundamental importância a ciência da patologia para que se possa elucidar o diagnóstico diante de um quadro neurológico tão semelhante ao AVE.
PALAVRAS-CHAVE
Leucoencefalopatia Posterior; gravidez; Acidente Vascular Cerebral
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco
Autores
CARYN COSTA, MARIANNE ONGARATTO LUMI, ROGER VICENTE ZANANDREA, THAYS MARA DE SOUZA GUIMARAES, JOAO PEDRO GUTTERRES, YAMIRKA HERNANDEZ REYES, BRUNA DA SILVA WIATROWSKI, NADIA MARIA CEOLIN