Dados do Trabalho
TÍTULO
Assistência em gestação e parto de homem transgênero: um relato de caso
CONTEXTO
Trata-se de um caso de gestação em um homem transgênero, o qual foi acompanhado desde a sua primeira avaliação obstétrica até o parto em um hospital público no Rio Grande do Sul. O trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local (CEP) - CAAE 53225121.7.0000.5329, e seguiu o CARE guidelines. Objetivou-se destacar a importância do atendimento multidisciplinar da população transgênero.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
NTB, 20 anos, homem transgênero, bissexual e solteiro. Negava uso de drogas, cigarro ou álcool. Interrompeu a terapia hormonal de afirmação de gênero por dois meses, quando recebeu o diagnóstico de gravidez não planejada. Foi primeiramente avaliado na emergência obstétrica com a idade gestacional (IG) de 16 semanas por ultrassom, apresentando sintomas de mania induzida por antidepressivo, secundária ao uso de Sertralina 50 mg. Após avaliação psiquiátrica, foi internado por risco de suicídio. Após acompanhamento pela equipe de Obstetrícia e Psiquiatria, recebeu diagnóstico de transtorno bipolar tipo 2. Alta hospitalar depois da remissão dos sintomas, com prescrição de Quetiapina, Ácido Fólico e Sulfato Ferroso. Fez acompanhamento pré-natal com Obstetrícia, Psiquiatria e Psicologia. Com IG de 23 semanas e 6 dias, foi diagnosticado com hipotireoidismo gestacional, sendo prescrita Levotiroxina, e colo curto (comprimento cervical: 1,9 centímetros), com prescrição de progesterona micronizada via vaginal. Durante seguimento, acrescentou-se a Sertralina. Com IG 40 semanas e 2 dias, foi internado em trabalho de parto espontâneo. Foi administrada ocitocina para correção da dinâmica uterina, evoluindo para parto vaginal. O recém-nascido era vivo, do sexo masculino, escore de Apgar 9/9, peso ao nascer: 3285 gramas, capurro 39 semanas e 2 dias. Houve laceração perineal de primeiro grau sem necessidade de sutura. Após 2 dias de internação no alojamento conjunto, com evolução puerperal fisiológica e aleitamento materno exclusivo, ambos receberam alta, com plano de retomada da terapia hormonal de afirmação de gênero após término da amamentação.
COMENTÁRIOS
Considerando o aumento do número de homens transgêneros na população, gestações planejadas e não planejadas chegarão à assistência obstétrica em maior quantidade. Assim, é fundamental o preparo das equipes e a criação de protocolos multidisciplinares para o atendimento transgênero em emergências obstétricas.
PALAVRAS-CHAVE
Pessoas Transgênero; Gravidez; Equipe Multiprofissional.
Área
OBSTETRÍCIA - Estudos enfatizando a multidisciplinariedade
Autores
Julia Rossetto Dallanora, Gabriela Prevedello Oliveira, Natália Roos Tirloni, Laura Confortin Bonafé, Carolina de Mello Vieira , Victoria Campos Dornelles , Isadora Badalotti-Teloken, José Luiz Petersen Krahe