61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Análise da Mortalidade Feminina por Lesões Autoprovocadas e Agressões no Brasil nas últimas duas décadas

OBJETIVO

Descrever a mortalidade de mulheres por agressões autoprovocadas ou externas no Brasil ao longo das últimas duas décadas.

MÉTODOS

Estudo de análise descritiva com dados do período de 2002 a 2021, coletados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS), via ferramenta TABNET. Foram identificadas as informações referentes aos óbitos por causas externas, discriminando as categorias específicas de lesões. Variáveis demográficas, como faixa etária, estado civil e região geográfica, foram consideradas na análise. A análise estatística descritiva foi realizada com técnicas para identificar padrões e tendências relevantes. A aprovação do Comitê de Ética não foi necessária devido à utilização de dados de domínio público.

RESULTADOS

Dos 129.637 óbitos, a região Sudeste (34,37%) foi responsável pela maior proporção, seguida pela região Nordeste (33,64%). No grupo "Lesões autoprovocadas intencionalmente", os óbitos apresentaram aumento gradual, com algumas flutuações anuais e aumento significativo nos últimos anos (3.431 em 2021 x 1.694 em 2002). No grupo "Agressões", observou-se um aumento geral de óbitos femininos, com algumas variações anuais, sem um padrão claro de crescimento contínuo. Sobre as categorias de lesões autoprovocadas, o Sudeste registrou um número relativamente alto de óbitos nas categorias CID-10 X70 (lesão autoprovocada intencional por enforcamento, estrangulamento e sufocação) e X68 (lesão autoprovocada intencional por pesticidas), enquanto o Norte registrou um número significativo de óbitos na categoria X61 (lesão autoprovocada intencional por intoxicação de substâncias psicodislépticas). Para as agressões, o Sudeste registrou maior índice nas categorias X91 (agressão por enforcamento, estrangulamento e sufocação) e X95 (agressão por disparo de arma de fogo), enquanto o Nordeste registrou maior número na categoria X99 (agressão por objeto cortante ou penetrante). A maioria dos óbitos ocorreu entre pessoas solteiras, seguidas por pessoas casadas e nas faixas etárias 15 a 19 anos e 20 a 29 anos. O domicílio e a via pública foram os locais de ocorrência mais comuns.

CONCLUSÃO

Os dados revelam uma preocupante mortalidade feminina devido a lesões autoprovocadas intencionalmente e agressões, ressaltando a necessidade de estratégias para abordar questões relacionadas à saúde mental e violência de gênero. É importante reconhecer as limitações do estudo, como possíveis erros de registro e variações regionais nas práticas de notificação.

PALAVRAS-CHAVE

Exposição à Violência; Violência contra a Mulher; Violência de Gênero

Área

GINECOLOGIA - Epidemiologia

Autores

Clara Simony de Sousa Santos, Luana Teles de Resende, Matheus Kummer Hora Guimarães, Luis Eduardo Prado Correia