61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA INVESTIGAÇÃO DA EVITABILIDADE DE ÓBITOS MATERNOS EM UMA REGIÃO DA BAHIA

OBJETIVO

Caracterizar e analisar a evitabilidade dos óbitos maternos no Recôncavo da Bahia, identificando possíveis lacunas no sistema de saúde.

MÉTODOS

Estudo retrospectivo descritivo, baseado na análise das fichas de investigação dos óbitos maternos ocorridos entre 2010 e 2020 e registradas por um Núcleo Regional de Saúde. Os dados utilizados foram analisados através do Statistical Package for Social Sciences. O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 44498221.0.0000.5577).

RESULTADOS

Dentre as 29 fichas de óbitos analisadas, 10,3% (3/29) evidenciaram a ocorrência de óbito no primeiro trimestre gestacional, 37,9% (11/29) no terceiro trimestre, e 48,3% (14/29) das fichas não possuíam esse registro. Quanto à realização de pré-natal (PN), apenas 48,3% (14/29) o fizeram. Dessas, apenas 42,8% (6/14) fizeram a primeira consulta no primeiro trimestre e realizaram um mínimo de seis consultas no PN. Foram consideradas gestantes de alto risco e encaminhadas para o Pré-Natal de Alto Risco (PNAR) 30,8% (4/13), no entanto apenas 50% (2/4) conseguiram atendimento no PNAR. Observou-se valores pressóricos elevados em 83,3% (10/12), no entanto, dentre as 20,7% (6/29) que possuíam registros das medicações em uso, apenas 66,7% (4/6) faziam uso de Metildopa. Foram identificadas patologias ao longo da gestação de 34,48 (10/29) das pacientes, com destaque para Doenças Hipertensivas da Gestação em 50% (5/10), Infecção urinária em 40% (4/10) e o registro de obesidade como patologia identificada durante a gestação em 10% (1/10). O óbito ocorreu antes a expulsão do embrião/feto em 20,7% (6/29), 31% (9/29) passaram por uma cesariana, 3,4% (1/29) passou por um aborto espontâneo, 3,4% (1/29) realizou parto vaginal e 3,4% (1/29) passou por um aborto provocado, 37,9% (11/29) equivalem a fichas não preenchidas ou preenchidas inadequadamente. Dos óbitos, 31% (9/29) ocorreram no trabalho de parto (TP), ou até uma hora pós parto, e quanto a avaliação materna durante o TP, 40% (2/5) ocorreram apenas uma vez. Dos óbitos que possuem registro, 45,5% (5/11) eram evitáveis e 45,5% (5/11) provavelmente evitáveis. A investigação alterou a causa de óbito de 44,8% (13/29) das fichas.

CONCLUSÃO

Foram reveladas lacunas como baixa adesão ao pré-natal, identificação insuficiente de gestantes de alto risco e falta de acompanhamento adequado. A evitabilidade dos óbitos maternos é preocupante, sendo crucial implementar medidas preventivas e melhorias nos cuidados durante o ciclo gravídico puerperal.

PALAVRAS-CHAVE

Gestação de alto risco; morte materna; obstetrícia.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Marla Niag dos Santos Rocha, Ivana Karolina Sousa Santos, Victoria Giulia Soares Locce da Silva, Maria Rita de Santana Oliveira, João Pedro Ferreira Pinho de Almeida, Carlos Antônio Assis de Jesus Filho, Rita de Cássia Oliveira de Carvalho Sauer, Sibele de Oliveira Tozetto Klein