Dados do Trabalho

TÍTULO

Covid-19 na Amazônia Ocidental: Apresentação patológica em pacientes gestantes e puérperas

OBJETIVO

Identificar o perfil clínico-epidemiológico e fatores relacionados com óbito de mulheres gestantes e puérperas infectadas com Sars-CoV-2 atendidas durante a pandemia do covid-19 em um hospital de referência do estado de Rondônia situado na Amazônia Ocidental.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, realizado entre janeiro de 2020 a abril de 2021, utilizando pesquisa clínica em prontuário eletrônico de gestantes ou puérperas, positivas para infecção do novo coronavírus. As variáveis de estudo foram: idade, tempo de hospitalização, comorbidades associadas, desfecho do parto e óbitos. Para o tratamento dos dados utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson. As análises foram realizadas utilizando o software Stata 17.0, com IC 95%. Este trabalho foi aprovado pela CAAE 51645121.0.0000.5300 com parecer de número 5.011.578.

RESULTADOS

A idade mediana, das mulheres internadas (n = 170), foi de 28 anos (IC 95%: 26–29.3 anos) e o tempo de hospitalização foi de 9 dias (IC 95% 8–11 dias). A frequência absoluta tanto de internações n=131 como de óbitos n=16, foi maior no terceiro trimestre de gestação. Das 128 gestantes que tiveram parto, 30% (IC95% 20,6-43) eram partos prematuros e 4,5% (IC95% 1,6-12,5) eram termo, em ambos evolução para desfecho óbito materno. O parto cesariano em 71,3% (IC95% 62.7–78.6) das gestantes e destas 17,2% (IC95% 10.7 – 26,5) evoluíram com óbito. Mulheres com sobrepeso foi 40,1% (IC95% 32.4–48.4) da amostra e de obesidade grau I foi de 21,8% (IC95% 15.8–29.3), mas foi a obesidade grau III que obteve o maior percentual de óbitos 33,3% (IC95% 12.1–64.6). Um maior número de gestantes não apresentou comorbidades 74,7% (IC95% 67.7–80), mas óbito foi mais elevado 20,9% (IC95% 11.4–35.2) nas que apresentaram alguma comorbidade.

CONCLUSÃO

A idade das gestantes com COVID-19 na amostra estudada foi semelhante à de outras regiões brasileiras. Caracteristicamente, a presença de comorbidades, prematuridade, parto cesariana e obesidade representaram associação ao óbito. Ressalta-se a obesidade grau III ter sido determinante de mais de 30% dos desfechos para óbito materno e que representa um risco modificável, que poderá estar em foco para políticas públicas voltadas ao controle, não apenas do covid-19, como também de outras morbidades relacionadas à mortalidade materna.

PALAVRAS-CHAVE

Gravidez; Período Pós-parto; Mortalidade Materna; COVID-19