Dados do Trabalho

TÍTULO

MIGRAÇÃO E RETIRADA DE DIU DA CAVIDADE PERITONEAL - RELATO DE CASO

CONTEXTO

Os Sistemas Intrauterinos Liberadores de Levonorgestrel (SIU-LNGs) são métodos contraceptivos, eficazes, seguros e que possuem mínimos efeitos colaterais. Entretanto, existem complicações associadas à sua colocação, como perfurações e infecções decorrentes do procedimento. As intercorrências acometem cerca de 10% das mulheres, e a perfuração uterina, que possui uma baixa incidência, varia entre 0,3 a 3,6 casos a cada 1.000 inserções, além de fístulas. A expulsão pode ocorrer por migração para a cavidade peritoneal pela cicatriz de cesariana. Nas pacientes que fazem a inserção do DIU verifica-se a localização do dispositivo por ultrassonografia (USG) pélvica. Dessa forma, a resolução desse quadro implica em tratamento cirúrgico, convencional ou videolaparoscópica, dependendo da localização do dispositivo, para remoção do corpo estranho, sendo, habitualmente, uma terapêutica eficaz.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

BMTV, 23 anos de idade, G II P II (2 cesarianas) vem à consulta, pela primeira vez, em 31/01/22 referindo dor pélvica de pequena intensidade e irregularidade menstrual. Inseriu SIU/LNG, em Julho de 2021, com amenorreia por 3 meses. E, após 3 meses apresentou sangramento genital, ensejando a realização de USG pélvica transvaginal que não detectou o dispositivo na cavidade uterina. Como não houve a expulsão do DIU por via vaginal, o exame radiológico pélvico-abdominal verificou sua presença na região hipogástrica. Suas menstruações tornaram-se irregulares, com dismenorreia de leve intensidade. Nessa consulta, foram solicitados os exames pré-operatórios, porém, somente em 11/01/2023, a paciente retornou para atendimento, sendo solicitados novos exames pré-cirúrgicos. A videolaparoscopia ginecológica foi realizada, sob anestesia geral, através de incisão intraumbilical para entrada de trocarte e ótica de 10mm e duas incisões, para inserção de trocarte de 5 mm, em fossas ilíacas para o manejo do instrumental, localizando-se o dispositivo SIU/LNG envolto e aderido pelo grande omento, sendo realizada a lise das aderências e retirada do corpo estranho da cavidade abdominal, sem intercorrências.

COMENTÁRIOS

A migração do DIU para a cavidade peritoneal deve ser tratada com a retirada do dispositivo, por videolaparoscopia, evitando-se as possíveis complicações. No caso em relato, mesmo tendo sido diagnosticada, a paciente, informada dessas complicações, demorou cerca de 2 anos para submeter-se ao procedimento.

PALAVRAS-CHAVE

Dispositivos Intrauterinos; Migração de Dispositivo Intrauterino; Cavidade peritoneal.