61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Violência e saúde mental de mulheres que fazem sexo com mulheres (MSM) na Bahia

OBJETIVO

Apresentar resultados preliminares acerca do perfil e da prevalência de violências autorrelatadas e de aspectos da saúde mental relatados por MSM em um estudo realizado na Bahia.

MÉTODOS

Estudo transversal exploratório, descritivo e analítico sobre a população de MSM acima de 18 anos, cisgênero, que já iniciaram a vida sexual e residam no estado da Bahia. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia e aprovado para a sua realização, cujo número do parecer é 5.261.318. A amostragem foi por conveniência, utilizada o método “bola de neve” através de redes sociais, útil quando a população-alvo apresenta integrantes estigmatizados. Foi estudada uma ampla gama de variáveis, como dados sociodemográficos e relativos à exposição à violência e saúde mental. O instrumento foi enviado em link via rede social anexado ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a coleta realizada pela plataforma Google Forms entre os meses de maio a julho de 2022 e a análise feita pelo software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0.

RESULTADOS

Obteve-se 321 respostas, com exclusão de 19 após aplicar critérios de exclusão. O perfil das participantes foi composto por 81,1% residentes de Salvador, 65,3% na faixa etária de 20 a 29 anos, 56,3% negra (pretas e pardas), 95,4% com 12 anos ou mais de estudos e 33,8% com renda de 1 a 3 salários mínimos. Quanto à sexualidade, 46,7% autoidentificaram-se como bissexuais e 41,7% como lésbicas. 23,8% iniciaram vida sexual antes de 15 anos e 68,5% referiram que a primeira parceria sexual foi do sexo masculino. Entre as participantes, 87,4% já sofreram violência psicológica; 49,3%, violência sexual; 46%, violência moral; 35,4%, violência física e 19,3% referiram violência patrimonial. 79,5% delas tinha acesso ou já frequentou algum serviço psicológico ou psiquiátrico e 47,4% já foi diagnosticada com algum transtorno mental.

CONCLUSÃO

A magnitude das diferentes formas de violência é expressiva na amostra, composta majoritariamente por mulheres bissexuais/lésbicas, jovens e negras, historicamente mais vulneráveis a este agravo. O alto grau de escolaridade pode conferir melhor percepção da violência sofrida. Destaca-se maior prevalência da violência psicológica autorrelatada, que inicia o ciclo e pode coexistir com as demais, com importante impacto no adoecimento mental e qualidade de vida da população estudada.

PALAVRAS-CHAVE

Sexualidade, Mulheres que fazem Sexo com Mulheres; Assistência Integral à Saúde; Vulnerabilidade em Saúde

Área

GINECOLOGIA - Sexualidade e População LGBTQIAP+

Autores

Vitória da Silva Costa Machado Milheiro, Yasmin Vidal Matos, Carla Santos Almeida, Ana Gabriela Álvares Travassos