Dados do Trabalho
TÍTULO
FÍSTULA PERITONEOVAGINAL APÓS HISTERECTOMIA TOTAL ABDOMINAL: UM RELATO DE CASO
CONTEXTO
A fístula peritoneovaginal é uma complicação rara da histerectomia. Será apresentado um caso de fístula pós-coito no pós-operatório tardio associada a pneumoperitônio e seu manejo.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente feminina de 46 anos, G2PN1C1A0, submetida a histerectomia total abdominal por doença benigna há 8 meses, admitida com queixa de dor pélvica intensa iniciada após coito há 2 dias. Hábitos dietético, urinário e intestinal inalterados. Nega comorbidades e alergias. Tabagista. Ao exame físico: BEG, corada, hidratada, PA 110x80mmHg, FC 70bpm, Tax 36ºC, SatO2 99%. AGI: RHA normais, abdome normotenso, doloroso à palpação profunda de baixo ventre, sem sinais de peritonite. Especular: presença de orifício de 1,5cm em cúpula vaginal e fluido amarelado fétido em canal vaginal. Instilado azul de metileno em sonda vesical sem saída de líquido pelo orifício. Exames laboratoriais: Hb: 12,7; Ht: 38,7; Leuco: 12830; Seg: 64; Plaq: 270.000; Creat: 0,8; EAS: piócitos incontáveis. TC abdome total: pneumoperitônio na pelve. Prescritos ciprofloxacino e metronidazol até saída dos resultados da urocultura e cultura de fluido vaginal, ambos negativos. A paciente foi monitorada por 7 dias e, em radiografia abdominal de controle, o pneumoperitônio havia desaparecido. Recebeu alta com tecido de granulação sobreposto à fístula e sem sinais infecciosos. No seguimento ambulatorial, observou-se completa cicatrização da fístula por segunda intenção após 45 dias.
COMENTÁRIOS
De acordo com a literatura, na maioria dos casos, o fechamento da fístula peritoneovaginal pós-coito ocorre espontaneamente, desde que a paciente mantenha abstinência sexual e evite duchas vaginais ou atividades que favoreçam a entrada de ar ou líquido durante a cicatrização.
Além disso, conhecer etiologias não cirúrgicas de pneumoperitônio, como o coito, particularmente em uma paciente histerectomizada e com uma fístula peritoneovaginal, pode evitar intervenções cirúrgicas desnecessárias, já que o quadro costuma se resolver em até 7 dias.
Apesar da dor, a paciente não apresentava sinais de peritonite, febre ou leucocitose, o que favoreceu o sucesso da conduta conservadora com monitoramento. Assim, este caso ilustra a importância da anamnese detalhada, contendo a história ginecológica e sexual, do exame físico minucioso e dos exames complementares, para se estabelecer um diagnóstico preciso e se instituir um tratamento eficaz e não invasivo.
PALAVRAS-CHAVE
Fístula peritoneovaginal; pneumoperitônio; histerectomia
Área
GINECOLOGIA - Cirurgia Ginecológica
Autores
Letícia Vivian de Souza Franco, Isabela Maia de Carvalho, Millena Pompeu Magalhães, Gil Horta Passos