Dados do Trabalho
TÍTULO
Transmissão vertical de Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis - um panorama dos internamentos no Brasil
OBJETIVO
Descrever o panorama epidemiológico dos internamentos de crianças menores de 1 ano por infecção de Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, com provável transmissão vertical, no Brasil.
MÉTODOS
Estudo epidemiológico, descritivo, baseado em dados de internamentos de crianças menores de 1 ano por infecção de Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, com provável transmissão vertical, obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH) e no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), de 2013 a 2022, no Brasil. Análise realizada através do software Office Excel 2019.
RESULTADOS
No período, foram 346 internamentos de crianças menores de 1 ano relacionados a infecção por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, com provável transmissão vertical, no Brasil. A região Nordeste correspondeu a 54,0% desses internamentos. Já a unidade federativa com maior número de hospitalizações foi o Maranhão, sendo responsável por 52,9% dos casos do Nordeste e 28,6% do país. O agente etiológico mais prevalente nos internamentos foi a N. gonorrhoeae (76,5%). Sobre o perfil das crianças, 50,5% do sexo feminino e 65,6% pardos/pretos. No país e no Nordeste, a média de permanência na unidade hospitalar foi, respectivamente, 7,2 e 7,6 dias. No período, os custos com estas hospitalizações totalizaram R$ 188.373,49. Os serviços públicos, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), foram responsáveis por 55,3% das hospitalizações, de modo que estes custearam 54,1% dos gastos. Já quanto ao número de nascimentos e consultas de pré-natal, entre 2013 e 2021, o Maranhão apresentou o terceiro pior percentual, atrás apenas de Amapá e Roraima, sendo que neste estado, 55,7% tiveram nenhuma, um número inferior ou igual a 6 consultas de pré-natal.
CONCLUSÃO
O Brasil apresenta um relevante número de internamentos por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis em crianças menores de 1 ano, com provável transmissão vertical, apesar de precário diagnóstico clínico e microbiológico. Destaca-se o Maranhão, sendo o estado com maior número destes internamentos. Panorama que sugere uma grande fragilidade da Atenção Primária à Saúde (APS), no que diz respeito a prevenção, diagnóstico e tratamento das gestantes durante o pré-natal. Diante desse contexto, é imprescindível o fortalecimento da APS e da Rede Cegonha, de modo a intensificar ações de promoção da saúde sexual e reprodutiva, bem como estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.
PALAVRAS-CHAVE
Neisseria gonorrhoeae; Chlamydia trachomatis; Transmissão vertical
Área
OBSTETRÍCIA - Doenças infecciosas na gestação
Autores
Vinícius Nascimento dos Santos, Ana Gabriela Alvares Travassos