Dados do Trabalho

TÍTULO

Diagnóstico de Linfoma de Burkitt com manifestação vaginal durante a gravidez: um caso raro

CONTEXTO

O linfoma de Burkitt (LB) é um Linfoma não-Hodgkin de células B altamente agressivo. Caracteriza-se por apresentar massas tumorais de crescimento rápido. O diagnóstico de LB é baseado na evolução da doença e por meio de anátomo-patológico. A manifestação do LB é ainda mais rara durante a gravidez. Essa associação entre câncer e gravidez traz diversos aspectos éticos que, devido à escassez de estudos, não há consenso sobre o tratamento. Entretanto, embora seja muito agressivo e de crescimento rápido, o LB possui grande chance de cura com tratamento quimioterápico.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

LEDS, 43 anos, G3PC2A0, idade gestacional de 18 semanas, admitida em uma maternidade de Belo Horizonte devido a linfonodomegalia cervical de crescimento progressivo. Ao exame físico, apresentava massa em região cervical esquerda, sólida, indolor, aderida a planos profundos, regular, com cerca de 5 cm no maior diâmetro. Após cinco dias de internação, evoluiu com aborto espontâneo incompleto, sendo submetida a curetagem uterina. Durante procedimento, não foram observadas quaisquer lesões ginecológicas. Recebeu alta com proposta de investigação de massa cervical ambulatorialmente. Retornou, quatro dias após a alta hospitalar, com queixa de dor suprapúbica, oligúria e desconforto vaginal. Ao exame físico especular, foram observados: 1) abaulamento em parede anterior da vagina; 2) lesão nodular fibroelástica em parede vaginal esquerda, próxima ao introito vaginal, com cerca de 5cm; 3) colo uterino dismórfico com lesão nodular e equimose em lábio anterior; 4) lesão ulcerada e friável em fundo de saco de Douglas, com 2cm. Realizada biópsia em parede vaginal esquerda, com diagnóstico de Linfoma de alto grau não-Hodgkin. Exame imuno-histoquímico evidenciando Linfoma de Burkitt. Paciente encaminhada ao serviço de Hematologia, onde foi iniciado tratamento quimioterápico.

COMENTÁRIOS

Doenças não ginecológicas podem ter manifestação genital, a evolução de forma atípica sugere origem não ginecológica. Embora raro, o linfoma é diagnóstico diferencial para outras neoplasias ginecológicas. Nesses casos, o estudo anátomo-patológico, por meio da histologia e/ou imuno-histoquímica, é essencial para o diagnóstico. Em casos raros, como o relatado, o tratamento deve ser multidisciplinar e individualizado.
Aguardando envio do número do CAAE

PALAVRAS-CHAVE

linfoma não-Hodgkin, linfoma de Burkitt; gestação; vagina.