61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

OS IMPACTOS DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA SAÚDE MATERNO-INFANTIL: UMA REVISÃO SISTEMATIZADA

OBJETIVO

Analisar a reverberação da violência obstétrica na saúde do binômio mãe-bebê vítimas desse contexto.

FONTE DE DADOS

A revisão sistemática foi embasada na busca de artigos nas bases de dados Scielo, Pubmed e BVS a partir dos descritores “violência obstétrica”, “saúde da mulher” e “impactos”.

SELEÇÃO DE ESTUDOS

As bases de dados utilizadas apresentaram 55 resultados, posteriormente filtrados. Foram excluídos trabalhos duplicados e que abrangiam temáticas com enfoques em outras violências e foram selecionadas publicações entre os anos de 2017 e 2023, em inglês e português. A partir disso, 15 artigos foram prospectados e lidos na íntegra e 7 foram elegidos para compor o escopo principal da revisão sob a justificativa temporal.

COLETA E ANÁLISE DE DADOS

A leitura dos artigos possibilitou a criação de uma planilha no software Excel contendo nome do artigo, ano de publicação e breve resumo. A partir disso, organizou-se os principais dados e informações dos trabalhos analisados, viabilizando a escrita da revisão.

SÍNTESE DE DADOS

A violência obstétrica (VO) é entendida como a violência contra a gestante nos serviços de saúde, considerando negligências, violências psicológica e física, intervenções desnecessárias e repressão da autonomia da mulher. A prevalência da VO é de cerca de 44,3% e apenas 12,6% das mulheres têm consciência de que foram vítimas. Além disso, estima-se que somente 5,6% dos partos de risco habitual no Brasil não tenham tido intervenções desnecessárias. Situações de violência física e violência psicológica no parto são relacionadas a quadros de transtorno de estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão pós-parto e reativação de TEPT passado. O cenário da VO pode suceder, ainda, em possíveis desfechos trágicos, como no aumento do near-miss materna e da mortalidade materno-fetal. Ademais, implicações associadas ao cuidado longitudinal do binômio mãe-bebê também são descritas: a TEPT pós-parto, com prevalência de 1,3 a 5,9%, pode resultar na mitigação do uso de serviços de saúde e em dificuldades na amamentação e na criação do vínculo materno-infantil.

CONCLUSÃO

A violência obstétrica evidencia a perpetuação de violências de gênero e a desdém ao cuidado à gestante. Os impactos da VO na saúde da mulher, especialmente na saúde mental, são notoriamente relevantes, com consideráveis repercussões agudas e crônicas na saúde materna e fetal. Outrossim, os resultados salientam a importância de produções científicas que possam fundamentar políticas públicas de proteção à saúde da mulher e do recém-nascido.

PALAVRAS-CHAVE

Violência Obstétrica; Saúde Materno-Fetal; Parto.

Área

OBSTETRÍCIA - Assistência ao trabalho de parto e suas fases clínicas

Autores

Thamara Castro Rezende, Cecília França Valadares, Esther Daibert Angelo Manfrini