61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gestação em paciente com esquistossomose hepatoesplênica: um relato de caso

CONTEXTO

A esquistossomose é uma doença causada pelo parasita Schistosoma mansoni, diretamente relacionada ao saneamento precário e ao baixo nível socioeconômico. Essa situação clínica é associada a um aumento na morbimortalidade materna e perinatal e representa um desafio, pela escassez de estudos sobre a doença no ciclo gravídico puerperal.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

O relato do caso trata de uma paciente de 24 anos, primigesta, atendida no Hospital Júlia Kubitschek em Belo Horizonte, com diagnóstico de hipertensão porta por esquistossomose hepatoesplênica, varizes esofagianas com hemorragia digestiva alta, plaquetopenia e trombose mesentérica prévia. Paciente reside no interior, com amplo acesso a águas naturais.

Iniciou pré-natal de alto risco com equipe multidisciplinar com 11 semanas. Fazia uso de propranolol e omeprazol, foi iniciado heparina profilática devido a trombose prévia. Manteve durante a gestação plaquetopenia com média de 50.000 10³mm³, provavelmente secundária à esplenomegalia. Com 32 semanas desenvolveu Diabetes Gestacional, sendo controlada glicemia com dieta. Devido às varizes esofágicas foi realizada endoscopia digestiva, que descartou necessidade de nova ligadura elástica.

Com 35 semanas, apresentou elevação pressórica, sintomas gripais e aumento de transaminases, sendo indicada internação hospitalar para propedêutica materno-fetal. Confirmado diagnóstico de COVID19 leve e pré eclâmpsia.

Durante a internação, manteve-se hemodinamicamente estável, apresentando aumento progressivo das enzimas hepáticas e bilirrubinas. Indicada interrupção da gestação com 35 semanas e 6 dias por indução de trabalho de parto, porém evoluiu para cesariana por desaceleração dos batimentos fetais. Nascido RN vivo, apgar 6/8. O procedimento ocorreu sem intercorrências e sem necessidade de hemotransfusão. Paciente evoluiu bem no pós parto e no puerpério.

COMENTÁRIOS

Durante a gravidez, a pressão venosa portal aumenta, principalmente no segundo e terceiro trimestres, o que pode levar à maior expressão de complicações associadas, sendo a mais grave a rotura de varizes gastroesofágicas. Gestantes acometidas com hipertensão-portal apresentam uma incidência de sangramentos varicosos de até 45%, com mortalidade associada que varia de 18% a 50% nessas pacientes. Sendo essa uma situação clínica rara, a discussão do caso clínico motivou uma revisão da literatura acerca do manejo da gravidez em mulheres com hipertensão portal previamente diagnosticada.

PALAVRAS-CHAVE

esquistossomose mansoni; gravidez de alto risco; hipertensão portal

Área

OBSTETRÍCIA - Doenças infecciosas na gestação

Autores

Marilia Pereira da Silva, Isadora Cristina de Carvalho Campos, Ana Christina de Lacerda Lobato, Inessa Beraldo de Andrade Bonomi