61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Amenorreia primária por macroadenoma hipofisário: relato de caso

CONTEXTO

Adenomas hipofisários são classificados em microadenomas (<10mm) e macroadenomas (≥10mm), podendo causar hipersecreção hormonal e sintomas compressivos. Cerca de 32 a 66% desses adenomas são prolactinomas. A hiperprolactinemia provocada por esses tumores acarreta em distúrbios de ovulação ou até amenorreia, geralmente secundária. O presente relato apresenta um caso de amenorreia primária devido a um macroprolactinoma e busca discutir seu manejo.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente, 20 anos, sexo feminino, procura assistência médica com queixa de amenorreia primária. Refere investigação prévia que revelou hiperprolactinemia. Relata desenvolvimento de caracteres sexuais secundários aos 12 anos. Nega galactorreia, alteração de campo visual, excesso de pelos no corpo ou dor abdominal cíclica. Sem história de outras doenças de base. Ao exame, distribuição de pelos normais; mamas com pouco parênquima mamário, mamilos pequenos e planos, normais à palpação e expressão; pequenos lábios atróficos, grandes lábios normais; clitóris pouco desenvolvido e introito vaginal sem alterações. Exames laboratoriais iniciais TSH 3,4 mUI/L; T4 livre 2,22 ng/dl; prolactina 137 ng/ml; FSH 1,87 mUI/mL; estradiol 5 pg/ml; testosterona total 0,265 ng/ml. USG transvaginal sem alterações. Ressonância Magnética do Crânio evidenciou formação nodular de 1,5 X 1,3 cm. Iniciou tratamento com cabergolina. Referiu menstruação regular por 3 anos depois, porém relata amenorreia há 3 meses, por interrupção do tratamento devido a falta de acesso à medicação.

COMENTÁRIOS

O caso relatado apresenta uma paciente com amenorreia primária devido a um macroprolactinoma (causa incomum de amenorreia primária). O nível da prolactina sérica pode indicar sua etiologia, sendo valores > 250 ng/mL sugestivos de prolactinoma e valores < 100 ng/mL sugestivos de outras causas. Portanto a paciente apresentada é uma exceção à regra. Valores baixos de prolactina em pacientes com macroadenomas podem resultar do chamado “efeito-gancho”, que deve ser considerado em todos os casos de macroadenomas ≥ 3cm com níveis de prolactina < 200 ng/mL. Além disso, a paciente não apresenta sintomas comuns ao seu diagnóstico como galactorreia, cefaléia e alteração de campo visual. O tratamento para macroprolactinomas tem como objetivo reduzir a massa tumoral e restabelecer os valores normais de prolactina. Inclui alternativas farmacológicas e cirúrgicas, sendo a cabergolina a medicação de escolha devido à maior eficácia e menor incidência de efeitos colaterais.

PALAVRAS-CHAVE

Amenorreia; Prolactinoma; Hiperprolactinemia

Área

GINECOLOGIA - Endocrinologia Ginecológica

Autores

Marina Melo Leça, Virgínia Monteiro Maciel Lyra, Bárbara Lucinda de Araújo Leite, Leticia Diniz Aranda, Rebeca dos Santos Barboza, Rebecca Lemos da Silva Lages, Clara Teixeira Soares Mota, Laura Olinda Bregieiro Fernandes Costa