60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Mola hidatiforme decorrente de injeção intracitoplasmática de espermatozoide tem menor chance de evoluir para neoplasia trofoblástica gestacional quando comparado com mola hidatiforme decorrente de concepção espontânea

OBJETIVO

Descrever a história natural da mola hidatiforme (MH) decorrente de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), enfatizando os desfechos clínicos e oncológicos, em relação a MH após concepção espontânea (CE).

MÉTODOS

Estudo de coorte retrospectiva envolvendo pacientes com MH que engravidaram após CE ou ICSI, acompanhadas no Centro de Doença Trofoblástica Gestacional do Rio de Janeiro (Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro), entre janeiro/2000 e dezembro/2020. O desfecho primário foi a ocorrência de neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) pós-molar. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAAE 49462315.0.0000.5275). Os coeficientes de regressão logística foram avaliados mediante o teste Wald Chi-Square. Considerando-se que a ocorrência de NTG após CE foi de 20,8%, e que esse desfecho ocorreu em 7,7% das 26 pacientes com MH única após ICSI, o tamanho amostral desse estudo confere aos seus resultados um poder de 70,6% para avaliar o desfecho primário, com uma taxa erro tipo I de 5%.

RESULTADOS

Dos 4.926 casos de MH incluídos neste estudo: 4.895 ocorreram após CE (4.867 casos de MH única e 28 casos de mola gemelar), e 31 casos após ICSI (26 casos de MH única e 5 casos de mola gemelar). Comparando-se a MH única após CE versus ICSI, houve diferenças em termos de idade materna (24 x 34 anos, p<0,01), idade gestacional no diagnóstico (10 x 7 semanas, p<0,01), nível de gonadotrofina coriônica humana pré-esvaziamento uterino (200.000 x 99.000 UI/L, p<0,01), ocorrência de sangramento genital (60,5 x 26,9%, p<0,01) e hiperêmese (23 x 3,9%, p=0,02) na apresentação clínica e tempo para remissão (12 x 5 semanas, p<0,01), respectivamente. A regressão logística univariada analisando a razão de chance bruta para ocorrência de NTG pós-molar após ICSI não encontrou variável preditora para esse desfecho. No entanto, após o ajuste para a idade materna e histologia de mola hidatiforme completa, ambos fatores de risco clínico associados com maior ocorrência de NTG pós-molar, a regressão logística multivariada mostrou que a MH após ICSI teve uma razão de chance ajustada de 0,22 (intervalo de confiança de 95%: 0,05-0,93, p=0,04), sugerindo um efeito protetor quando comparado a MH após CE.

CONCLUSÕES

A MH única após ICSI cursa com menos complicações médicas à apresentação e apresenta menor risco de desenvolver NTG pós-molar quando comparada a MH após CE.

Área

OBSTETRÍCIA - Predição / prevenção de doenças no ciclo gravídico puerperal

Autores

TAIANE GESUALDI ANDRADE, VANESSA CAMPOS BAPTISTA, FERNANDA FREITAS, IZILDINHA MAESTÁ, SUE YAKAZI SUN, JOFFRE AMIM JR, JORGE REZENDE FILHO, ANTONIO BRAGA