Dados do Trabalho
TÍTULO
O PERFIL DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UMA ANÁLISE DE 5 ANOS DE NOTIFICAÇÕES
OBJETIVO
Analisar a prevalência da violência contra a mulher por parceiros íntimos.
MÉTODOS
Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 25891319.6.0000.0020), foram fornecidas, através de uma tabela no Excel, pela Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba-PR, 35.888 Fichas de Notificação de Violência Interpessoal/Autoprovocada preenchidas pelas unidades notificadoras do município no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2017. Após a normatização realizada na tabela, a qual contou com a exclusão das vítimas do sexo masculino e porcentagens das variáveis ignoradas com valores menores que 1%, que resultou em 21.389 registros de violência contra a mulher, a análise final foi realizada através do software EPI INFO fornecido pelo Center of Disease Control (CDC).
RESULTADOS
Foi possível analisar a frequência de diversas violências praticadas pelos parceiros íntimos, sendo prevalente a violência praticada pelo cônjuge, representando 10,20% das notificações, seguido de 3,64% pelo ex-cônjuge, 1,61% pelo namorado e 0,69% pelo ex-namorado. Dentre os tipos de violência praticada pelo cônjuge, que permitem múltipla entrada, destacam-se a física (82,94%), força (78,85%), psicológica (47,63%), ameaça (39,13%) e financeira (5,38%). Observa-se também um aumento do número de notificações durante a semana, principalmente na segunda-feira (19,30%), quando comparado com o final de semana (sábado e domingo), representando apenas 13,02%. Com relação a idade da vítima, 42,71% representam as vítimas de idade de 18 a 30 anos, seguidas de 20,95% (31-40 anos), 13,52% (acima de 65 anos), 12,93% (41-50 anos), 7,60% (51-60 anos), e 2,27% (61-64 anos).
CONCLUSÕES
A prevalência das agressões concentra-se na violência física perpetrada pelo companheiro íntimo da vítima, principalmente entre as mulheres de 18 a 30 anos. Além disso, pode-se observar que a segunda-feira foi o dia da semana que concentrou os maiores números de notificações, um dado provavelmente vinculado ao fato de que nos finais de semana muitos centros de acolhimento estão fechados. As mulheres casadas se aprisionam àquele ciclo de violência, e não procuram os serviços de atendimento devido à dependência de seus parceiros, reforçando esta prática. Através desta análise podem ser previstos riscos e tomadas medidas para evitar ou diminuir as taxas de violência contra a mulher, assim como direcionar ações para o planejamento de redes de apoio e capacitação de profissionais para o acolhimento destas mulheres.
Área
GINECOLOGIA - Epidemiologia
Autores
Ana Vitória Scherner Mazzarollo, Giulia Bergamasco Costa, Gabriela Barcella, Jhulya M. Vieira Xavier, Emanuelle Rosá Grobério Pinto, Fernanda Schier de Fraga, Claudio Jose Beltrão