60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Endocardite infecciosa - um diagnóstico diferencial frente ao choque séptico puerperal

CONTEXTO

A sepse materna corresponde a 10,7% das mortes maternas em todo mundo, e o choque séptico na gestante e puérpera é uma situação potencialmente fatal, infrequente e de difícil manejo. Sua incidência aproximada nessa população é de 0,002 - 0,01% e o risco de morte é de 33%. Acerca de suas etiologias, a endocardite infecciosa (EI) é uma condição muito rara, com taxas estimadas de 0,006%. A EI é definida por uma disfunção multissistêmica do endocárdio, devido, principalmente, a uma infecção bacteriana estafilocócica. Tal patologia é um desafio diagnóstico quando posta fora de sua epidemiologia clássica. Esse estudo tem como objetivo descrever os achados clínicos, laboratoriais e radiológicos de um caso de EI diagnosticado no puerpério, após quadro de choque séptico e seu desfecho final favorável. O trabalho está de acordo com as normas éticas e respectiva aprovação em Comitê de Ética e Pesquisa.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Puérpera de 38 anos, no 11° dia pós cesariana a termo internou em uma maternidade terciária com quadro de trombose venosa profunda confirmada por ultrassonografia. Possuía cirurgia bariátrica prévia, depressão sem tratamento, hipotireoidismo e histórico de nefrolitíase e pielonefrite na gestação em questão. No 5° dia de internamento evoluiu com quadro de choque séptico, apresentando febre, instabilidade hemodinâmica e tromboflebite em acesso venoso periférico, sendo iniciada prontamente estabilização, antibioticoterapia e colhidas hemoculturas que posteriormente confirmaram septicemia por S.aureus. No 16° dia de internamento houve aparecimento de petéquias em pododáctilo, sendo levantada suspeita de EI. Ao ecocardiograma transtorácico houve dúvida diagnóstica, que foi elucidada com o ecocardiograma transesofágico realizado posteriormente. Após completar 28 dias de antibioticoterapia endovenosa, a paciente recebeu alta hospitalar com manutenção do antibiótico oral por mais 14 dias, além do seguimento ambulatorial multidisciplinar.

COMENTÁRIOS

Embora a endocardite infecciosa seja uma patologia rara no puerpério, existe a necessidade de atentar-se para os sinais clínicos e radiológicos frente à suspeita. A instituição da terapêutica de forma imediata e atuação multidisciplinar é de grande importância para desfechos favoráveis, assim como foi o caso relatado.

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Giovanna Zatelli Schreiner, Thais Farah Lundgren, Ana Luiza Mendonça Fontes, Bruno Jagher Fogaça